9º Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão

De 20/05/2013 à 27/05/2013

Epistemologia do patrimônio cultural: aspectos hermenêuticos da imaterialidade do patrimônio material

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville, Brasil

Palavras-chave: Linguagem, Patrimônio cultural, Imaterialidade

A proposta deste ensaio é de estabelecer algumas considerações hermenêuticas, a partir de aspectos culturais dos imigrantes, especialmente alemães, sob a perspectiva da linguagem e dos patrimônios culturais (como linguagem). O acesso às culturas dos imigrantes é possível por meio da linguagem, que estabelece possibilidades de superação do fosso intransponível da história e, assim, nos permite olhar à cultura como construção que perpassa o presente e o passado. Partimos do pressuposto que o ser humano é um ser que está no mundo e constrói o mundo por meio de suas relações intersubjetivas. Esta intersubjetividade não se dá somente no plano entre pessoas, mas nas relações do sujeito com o mundo natural. O ser humano se apropria do mundo natural e o transforma por meio das linguagens. Assim, a linguagem é a mediação entre o sujeito e a vida e o mundo. A cultura se constrói na percepção da natureza por meio da linguagem. Aos seres do mundo é dado um nome e um valor que passa a ter existência e significado para os seres humanos. Os significados do contexto cultural são interiorizados pelos sujeitos. O mundo interior é assimilado pelo intérprete por meio da linguagem. A relação entre o mundo simbólico e as práticas sociais e a dinâmica cultural. Trata-se do encontro entre duas alteridades. O sujeito de hoje que se encontra com o sujeito de ontem. A alteridade do contemporâneo com a alteridade dos imigrantes. Nem sempre se percebe que a culinária, a Schlachtfest, a Schüzenfest, a Oktoberfest, o Strudel, a cuca de farofa, o marreco recheado com repolho roxo, e assim por diante, são linguagens que expressam uma metafísica na inter-relação de significados e de sentido entre os sujeitos e o mundo. Toda a linguagem precisa ser interpretada. Não se entendendo a linguagem, ela fica restrita aos sons ou às letras, que não fazem sentido. O mesmo é possível dizer da leitura que se faz da cultura dos imigrantes. Não havendo hermenêutica adequada, criam-se bricolagens a partir da saudade do paraíso perdido de um passado, onde tudo era muito melhor, que não retornará jamais. No entanto, este paraíso perdido tinha suas agruras que fez os imigrantes saírem da Pomerânia, da Bavária ou de Schaffausen na Suiça. O conceito “Patrimônio Cultural” ainda está demasiadamente atrelado a razão instrumental e técnica, que não consegue abarcar a realidade da vida. A linguagem media as alteridades, enquanto construções culturais.

ISSN: 1808-1665