18° Seminário de Iniciação Científica

De 21/10/2013 à 25/10/2013

Salas de apoio e as condições do trabalho docente

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville

Palavras-chave: Trabalho docente;, Sala de apoio pedagógico;, Condições de trabalho.

O contexto histórico e social no qual a escola está inserida na atualidade corrobora para que esta seja um espaço que legitime a forma de funcionar da classe dominante, culpabililzando os diversos atores envolvidos no processo de escolarização das crianças, quando elas não correspondem ao padrão esperado. Para esses alunos são criadas ferramentas como forma de auxiliá-los a enquadrar-se no fluxo escolar, dentre elas estão as Salas de Apoio Pedagógico – SAP, destinadas a “alunos do 2º ao 5º ano que apresentam dificuldades de aprendizagem” (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, 2009). Essas crianças são vítimas de estigmatização, pois frequentemente, pais, professores e crianças se apropriam de um discurso que rotula o aluno com características negativas. Afeta-se assim, o trabalho docente, a relação pais/escola e criança/escolarização. Dadas essas condições, este trabalho teve como objetivo conhecer as concepções das professoras da sala regular sobre as salas de apoio pedagógico. Adotou-se como base epistêmica-metodológica o materialismo histórico e dialético que entende o sujeito como um ser ativo, social e histórico (GONÇALVES, 2005). Nesta pesquisa, o instrumento utilizado para a coleta de dados foram questionários auto-aplicáveis, compostos por 18 perguntas. Esses questionários foram enviados para as escolas, a fim de serem respondidos por professores da sala regular que houvessem efetuado o encaminhamento de estudantes para a sala de apoio. No entanto, não foram apenas esses professores que responderam. Aqueles que não haviam encaminhado também responderam os questionários que estavam disponíveis na escola, sendo o presente estudo realizado a partir desses últimos. Utilizou-se como referencial teórico Contretras (2002), Rockwell e Mercado (1999), Tardif e Lessard (2011), entre outros. Os dados foram tratados por meio de análise de conteúdo. Assim, a elaboração de categorias foi realizada, buscando não só as falas e situações recorrentes, mas também “mensagens implícitas, dimensões contraditórias e temas sistematicamente ‘silenciados’” (LUDKE e ANDRÉ, 1986). Foram elaboradas reflexões com relação aos sentidos atribuídos pelos docentes ao trabalho na SAP; a intensa culpabilização dos estudantes; o trabalho especializado do docente da SAP e a função do trabalho docente frente à diversidade na escola. Ao discutir educação inclusiva é fundamental estar atento aos posicionamentos dos professores sobre a singularidade de cada estudante e o seu trabalho docente. As vozes dos professores participantes revelam que a estratégia de encaminhar estudantes para as salas de apoio pedagógico estão pautadas em uma concepção única de aprendizagem e desenvolvimento, a qual se propõe homogeneizadora e anulatória daquilo que os constitui enquanto sujeitos.

Apoio / Parcerias: Secretaria Municipal da Educação de Joinville; Escolas Municipais participantes da pesquisa.

ISSN: 1807-5754