3° Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão - SIEPE

De 21/05/2007 à 25/05/2007

Florbela Espanca: poesia e vida a frente de seu tempo

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville/SC, Brasil

Palavras-chave: literatura portuguesa, Florbela Espanca, poesia

Florbela Espanca é um dos principais nomes femininos na história da Literatura Portuguesa e estudar seus textos é entender a mudança da sociedade patriarcal do Século XIX para um modelo de valorização da figura feminina no Século XX. Afinal, Florbela tem na sua poesia um reflexo de sua vida, como se fosse quase que uma biografia poética, com nuances que vão da magia metapoética, passam pela vida/morte e vagueiam pelos relacionamentos amorosos conturbados num período ainda puritano ao extremo. Nas aulas de Literatura Portuguesa estuda-se sua poesia, e de certa forma sua vida angustiosamente existencialista, através dos textos que produziu. Uma de suas principais facetas é a visão de uma espécie de relacionamento amoroso muito comum na contemporaneidade, ou o popular: “a fila anda”. São dela versos como: “E este amor que assim me vai fugindo / É igual a outro amor que vai surgindo, / Que há-de partir também... nem eu sei quando...”, ou “O nosso amor morreu... Quem o diria? / Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta, / Ceguinha de te ver, sem ver a conta / Do tempo que passava, que fugia [...] E bem sei, meu Amor, que era preciso / Fazer do amor que parte o claro riso / De que outro amor impossível há-de vir”. São versos do início do Século XX mas que caberiam facilmente nos dias atuais. Também são puros reflexos de sua angústia e suas inúmeras idas e vindas em diversos e conturbados relacionamentos que teve em vida. As reações ao deparar-se com textos como estes são de inevitáveis e profundos questionamentos quanto ao rompimento do papel feminino, até então passivo e mudo, numa sociedade nitidamente patriarcal. Afinal, seus textos são não apenas um deleite literário mas também um nítido retrato de uma voz distoante de uma sociedade que, com dificuldade e aos poucos, muda para o perfil contemporâneo.

ISSN: 1808-1665