Lesões por queimadura são a principal causa de morbidade incluindo hospitalização prolongada, desfiguração e incapacidade. O uso de curativos contendo substâncias cicatrizantes e microbiocidas é a opção mais indicada para a terapia local. Os curativos de celulose bacteriana (CB) já demonstraram potencial no processo de cicatrização, sendo comercializados sobre os nomes de Membracel®, Bionext®. Suas principais propriedades são: manutenção de umidade, assim como dos fatores de crescimento e defesa, menor taxa de contaminação externa, visualização direta do aspecto e quantidade de secreção, diminuição ou ausência nas trocas de curativos, diminuindo lesões epidérmicas com comodidade e segurança ao paciente. A celulose é um dos polímeros biodegradáveis mais disponíveis na natureza, podendo ser também sintetizada também por algumas bactérias sendo secretada extracelularmente sob a forma de uma rede de nanofibras. Estudos recentes têm relatado a incorporação de substâncias ativas em sua estrutura permitindo a modulação de propriedades específicas. As nanopartículas metálicas são uma alternativa eficaz no combate as bactérias patogênicas. Dentre as nanopartículas com função bactericida podemos citar as nanopartículas de prata (NpAg), de óxido de cobre (CuO), de dióxido de titânio (TiO2), de óxido de ferro (Fe2O3) e nanopartículas de óxido de zinco (NpZnO). O Cério é um metal da família dos lantanídeos que tem propriedades bacteriostáticas, apresenta maior eficácia sob a forma de nitrato de cério, Ce(NO3)3, contra uma ampla gama de bactérias. Acredita-se que o nitrato de cério exerce um efeito protetor contra a imunossupressão pós-queimadura causada por um complexo de lipoproteínas de elevada massa molecular (3 MDa). Neste contexto, este trabalho tem como objetivo sintetizar membranas de Celulose Bacteriana utilizando a bactéria Gluconacetobacter hanseni adicionadas de NpAg e Ce(NO3)3. Para promover a incorporação de NpAg e Ce(NO3)3, inicialmente fez-se um estudo da capacidade de reidratação das membranas puras (97,81%), o que permitiu o cálculo para a incorporação dos agentes na forma de solução. Após foi realizado um tratamento térmico buscando promover a funcionalização das membranas com os agentes. Este foi feito em estufa e na autoclave. Foram realizadas análises termogravimétricas que demonstraram maior percentual de massa residual para as amostras funcionalizadas em estufa (5%) em relação à autoclave (2%). A atividade antimicrobiana foi realizada de acordo com a Norma ASTM E2180-07 utilizando-se inicialmente o micro-organismo Pseudomonas aeruginosa para o qual se obteve um resultado de 100% de potencial antimicrobiano. Serão ainda realizados outros ensaios de caracterização do material bem como análises de citotoxicidade.