4ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA - SUCST

De 23/10/2017 à 26/10/2017

Narrativas protestantes nas terras da América: a circulação de ideias na França Antártica (1555) e no Brasil Holandês (1630)

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville

Palavras-chave: Protestantismo no Brasil, Patrimônio Cultural, Sacralidade e Secularização

O século XVI foi cenário para um sem-número de acontecimentos fundamentais para a construção histórica mundial. Foi nos quinhentos que o Novo Mundo fez brilhar os olhos dos exploradores e fez sangrar os primeiros hereges protestantes. Ao som do martelo das 95 teses de Martinho Lutero, em Wittenberg na Alemanha, navegadores ibéricos iniciavam o processo de ocupação das desconhecidas terras americanas. Alguns eventos fazem convergir estes dois elementos: da instalação francesa na Baía da Guanabara e do poderoso domínio holandês do nordeste brasileiro emanavam esperanças, conflitos e transformações. Embora a experiência da França Antártica tenha sobrevivido por um curto espaço de tempo, a instalação colonial tornou-se sede, de 1555 até sua extinção formal na década de 1560, de conflitos que transpunham, ao solo brasileiro, o conturbado contexto das guerras religiosas. No Brasil Holandês (1630), mais amadurecidos e com apoio intenso do Estado, os esforços foram mais duradouros, e a colônia foi retomada pelos portugueses apenas em 1654. Em um ou em outro empreendimento, é notável a consolidação de novas visões sobre o velho e o novo mundo, com destaque para a inserção de uma nova perspectiva: a teologia reformada. A construção de discursos como os dos cronistas André Thevet e Jean de Léry no caso francês, e o de Gaspar Barléu no caso holandês, são fontes inestimáveis para uma compreensão mais íntima do processo de apropriação das terras do que um dia fora chamado paraíso. Baseado nestas fontes e em outros materiais, como as cartas do chefe da expedição francesa Nicolas Durand de Villegagnon – escassamente utilizadas neste tipo de análise -, este trabalho pode compreender parte das aspirações que os colonos, tomados por uma nova perspectiva de vida, carregavam consigo. Os franceses realizaram o primeiro culto e a primeira santa ceia reformada no Brasil. No Brasil Holandês, diferente do que houve na região do atual Rio de Janeiro, onde a aproximação foi tímida, as práticas missionárias abrangeram de maneira mais sólida as comunidades indígenas. Embora as colônias tenham, notavelmente, suas singularidades, parece correto dizer que a efervescência cultural e religiosa da Europa, teve papel fundante em diversos processos que marcaram a trajetória dos dois empreendimentos.

Apoio / Parcerias: Bolsa do CNPQ e apoio do setor de pesquisas da Univille

ISSN: 1808-1665