A atividade humana de produção causa significativas mudanças no ambiente, seja com os materiais utilizados ou os resíduos dispersados no meio, que afetam diretamente os seres vivos locais, e indiretamente o homem. A preocupação com a descontaminação do ambiente se torna a grande tarefa para os cientistas. O setor plástico, por exemplo, utiliza de inúmeras formulações que, se não tratadas, trazem grandes riscos à população, como é o caso de alguns compostos fenólicos. O composto bisfenol-A (BPA) é classificado como um desrregulador endócrino com efeitos adversos à saúde, causando, quando em contato com seres humanos e animais, efeitos sobre a fertilidade, puberdade precose, etc. É amplamente utilizado para a produção de polímeros policarbonatos e resinas epoxi, indústria que é presente e tem forte impacto econômico na região norte do estado de Santa Catarina. O descarte inadequado de efluentes, contendo este polímero, no ambiente e a utilização deste tipo de polímero em utensílios culinários, eleva o risco de exposiçao humana ao BPA. Um método alternativo e promissor para remoção do BPA é a utilização de enzimas oxidativas produzidas por fungos lignocelulolíticos. Portanto, os objetivos deste trabalho foram avaliar a capacidade do caldo enzimático bruto de “Pleurotus sajor-caju” em degradar o BPA e determinar as melhores condições de reação em termos de concentração de BPA, tempo de reação, atividade de lacase, pH e temperatura. Os experimentos para obtenção do caldo enzimático bruto foram conduzidos em biorreator (volume de trabalho de 4 L, 30 oC, 350 rpm, 0,37 vvm e pH inicial 6,0). A quantificação do BPA foi realizada utilizando a técnica de cromatografia gasosa acoplada a espectrofotometria de massa (CG-MS). Os ensaio de degradação do BPA foram realizados em tubos de ensaio contendo o caldo enzimático bruto, solução tampão e solução BPA, na proporção 1:1:1. O caldo enzimático bruto foi capaz de remover 100% de BPA (30 ppm) em 10 horas e pH 5,0. A temperatura (20, 30 e 40 °C) não apresentou influência sobre a reação, todavia, maior estabilidade enzimática foi observada na temperatura de 20 °C. O caldo enzimático de “Pleurotus sajor-caju”, sem qualquer procedimento de concentração, extração ou purificação enzimática, mostrou-se muito promissor para uso na elaboração de um formulado enzimático de aplicação na área ambiental no futuro.