O ABS (acrilonitrila-butadieno-estireno) é o polímero mais empregado na fabricação de peças injetadas e cromadas e, durante seu processamento, o índice de refugo é de aproximadamente 10%. As peças refugadas, normalmente, são submetidas à decapagem química com ácidos clorídrico e nítrico para retirada das camadas metálicas (cobre, níquel e cromo), porém devido ao controle operacional inadequado, ocorre a degradação do material polimérico, dificultando o reaproveitamento por nova cromagem ou injeção. Desta forma, o desenvolvimento de novas soluções decapantes que substituam a solução convencional e permitam nova cromagem das peças refugadas e/ou seu reprocessamento, contribuirá para a minimização dos problemas que as indústrias galvânicas enfrentam com os resíduos gerados no processo. Neste trabalho, avaliou-se a eficiência da decapagem, com diferentes soluções (hidróxido de amônio, bissulfito de sódio, sulfato ferroso, ácido cítrico, cloreto de potássio, nitrato de cobre, ácidos sulfúrico e lático e peróxido de hidrogênio, entre outras) e condições operacionais (temperatura, concentração e tempo de imersão) em peças em ABS cromadas e refugadas. As propriedades químicas, térmicas e morfológicas das peças que apresentaram remoção completa da camada metálica foram avaliadas por análise termogravimétrica (TGA), calorimetria diferencial exploratória (DSC), espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), microscopia eletrônica de varredura (MEV), microscopia de força atômica (AFM) e rugosidade. Após a decapagem, as peças foram novamente cromadas e avaliadas por do inspeção visual e teste de adesão. A solução composta por ácidos sulfúrico e lático e peróxido de hidrogênio foi a única que ocasionou remoção completa da camada metálica. As amostras decapadas nessa solução não apresentaram mudanças significativas na estabilidade térmica quando comparadas com o ABS virgem. Houve remoção de parte dos componentes do ABS na superfície das amostras, verificada pela diminuição da intensidade dos picos em FTIR, formação de microporos, reentrâncias e microvales observados por MEV e AFM e aumento na rugosidade. Porém, essas alterações foram menos intensas que as ocasionadas pela solução convencional. Na nova cromagem, a etapa de condicionamento químico com solução sulfocrômica das amostras decapadas intensificou essas alterações na superfície do ABS. Após a cromagem, todas as peças exibiram excelente acabamento visual e adesão metálica. Desta forma, peças cromadas que apresentam defeitos na camada metálica podem ser decapadas por solução de ácidos sulfúrico e lático e peróxido de hidrogênio, nas concentrações avaliadas, por 10 min, e novamente cromadas, sem necessidade de novo condicionamento em solução sulfocrômica, ou seja, podem ser submetidas direto à etapa de neutralização.