Embora nas últimas décadas o Brasil tenha feito avanços quanto a erradicação da fome, o atual contexto econômico é de retrocesso, apontando para o retorno do país ao Mapa da Fome (ONU BRASIL, 2015ª; GTSCA, 2017). Neste contexto, Políticas públicas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que visa garantir a segurança alimentar e nutricional a todos os estudantes do Brasil, devem ser fortalecidas (GUERRA et al., 2018). No entanto, os benefícios nutricionais resultantes da ingestão da merenda escolar nem sempre são garantidos, visto que o desperdício de alimentos pode ser elevado (MARTINS, 2014).
Diante do exposto, este projeto tem como objetivo promover a redução do desperdício de alimentos e estímulo de práticas alimentares saudáveis em centros de educação infantil de turno integral do município de Joinville. Para isso foram realizadas reuniões com as nutricionistas responsáveis pela alimentação escolar que definiram, em conjunto à Secretaria da Educação do Município, unidades escolares que participariam do projeto e as merendeiras que seriam capacitadas. Também foi realizada reunião com os diretores das unidades escolares para apresentação do projeto. A fase inicial, de amostragem, ocorreu entre fevereiro e abril de 2019.

Entre os meses de maio e junho foram realizadas visitas nas cozinhas das unidades escolares para diagnóstico da situação de desperdício e da oferta de alimentos a crianças. A partir dos dados coletados foram planejadas oficinas de capacitação com as merendeiras, cujos nomes também foram encaminhados pela Secretaria da Educação de Joinville. Duas oficinas de capacitação, com carga horária total de 60 horas foram oferecidas nos meses de junho e agosto e há uma terceira turma em andamento no mês de setembro de 2019. A quarta e última turma do projeto será capacitada no mês de outubro. Nos meses de visitas para acompanhamento verificou-se que são realizadas modificações no cardápio proposto pela nutricionista, geralmente por falta de matéria prima. Estas modificações, no entanto, são sempre monitoradas pelas nutricionistas da Secretaria da Educação. As maiores modificações do período foram em relação às proteínas e às frutas. Os principais alimentos rejeitados pelos estudantes, de acordo com as merendeiras, são arroz integral, aveia, berinjela, canjica, lentilha e sucrilhos sem açúcar. Durante as oficinas de capacitação foram demonstradas receitas com a utilização destes ingredientes com o intuito de torná-los mais palatáveis, sem reduzir seu valor nutricional. Desta forma espera-se contribuir para a redução do desperdício nas unidades escolares e melhorar a ingesta de nutrientes dos estudantes.