Tendo em vista a redução de resíduos destinados a aterros sanitários e industriais e a busca de fontes alternativas na geração de energia, neste trabalho realizou-se análise elementar para determinação das concentrações de carbono (C), hidrogênio (H), nitrogênio (N) e enxofre (S) e do poder calorífico de lodos provenientes da estação de tratamento de efluentes sanitário (SAMAE – São Bento do Sul) e de processos industriais têxtil (ETE – Döhler, Joinville) e celulose e papel (ETE – Rigesa, Três Barras). As análises elementares de C, H e N foram realizadas no Analisador CHN Perkin-Elmer, do Departamento de Química-ICEx/UFMG, enquanto que a análise de enxofre foi obtida em um espectrofotômetro de emissão atômica com plasma induzido (ICP-AES) Spectro Ciros CCD, do Instituto de Química/USP - SP. O poder calorífico superior (PCS) e inferior (PCI) e o teor de cinzas foram determinados por calorímetro Parr, modelo 1241, do Instituto de Química-ICEx/UFMG. O lodo sanitário apresentou concentrações de carbono de 27,85%, de nitrogênio de 4,40%, de hidrogênio de 4,32%, de enxofre de 0,86% e de cinzas de 41,30% e poder calorífico superior (PCS) de 20,1 MJ/kg e inferior (PCI) de 18,6 MJ/kg. Para o lodo têxtil obteve-se 27,19% de carbono, 2,86% de nitrogênio, 4,0% de hidrogênio, 0,33% de enxofre e 36% de cinzas e PCS de 17,0 MJ/kg e PCI de 15,4 MJ/kg. O lodo da empresa de celulose e papel apresentou concentrações de carbono de 44,83%, de nitrogênio de 1,77%, de hidrogênio de 5,35%, de enxofre de 1,76% e de cinzas de 3,8% e PCS de 19,5 MJ/kg e PCI de 18,0 MJ/kg. Comparando os resultados obtidos das análises elementares e de cinzas para os três lodos, observa-se que eles diferem mais na % de carbono e de cinzas, sendo que o lodo de celulose e papel apresentou quase o dobro dos valores de % C dos lodos sanitário e têxtil e um teor de cinzas bem menor. Estas diferenças estão relacionadas à origem dos lodos e ao sistema de tratamento de efluente empregado. Embora existam estas diferenças, os valores de poder calorífico superior dos três lodos são muito semelhantes, da ordem de 19 MJ/kg, e são superiores ao da madeira (13 MJ/kg) e bagaço de cana em briquete (14,5 MJ/kg), que já são empregados na geração de energia. As % de N e S, os quais podem gerar emissões gasosas poluentes após queima, são relativamente baixas.