A extensão universitária Mulher com Fibra, em andamento desde 2006, vem buscando exemplificar práticas de desenvolvimento sustentável com a aplicação de resíduos de papel de escritório e de subprodutos da bananicultura para o desenvolvimento de produtos e para a geração de trabalho e renda a mulheres rurais. Entretanto, durante todo o período de repasse da técnica junto às mulheres, foram observados diversos fatores que comprometiam requisitos ambientais e de qualidade do processo, bem como de saúde e segurança das pessoas envolvidas. Assim, por meio do conceito de ecodesign e das ferramentas de gestão, este estudo propôs análises sobre a técnica. Uma das frentes do trabalho foi averiguar a quantidade de água utilizada no processo para apontar propostas de diminuição no consumo e realizar análises quantitativas de acidez, alcalinidade, residual de íons cloreto e sólidos totais no efluente gerado. Essas análises revelaram que é possível reduzir em 20% o consumo total de água no processo, a partir da eliminação parcial das fases nos ciclos de lavagem. A segunda análise foi propor aperfeiçoamento tecnológico ao processo, considerando o desenvolvimento de novos equipamentos que pudessem otimizar a técnica. Para tanto, avaliaram-se as condições de uma oficina de reciclagem de papel artesanal em funcionamento e utilizando o critério desperdício, foi possível identificar alguns equipamentos que poderiam ser incluídos no processo sem descaracterizar o fazer artesanal. A partir disso, com o suporte do software Pro/engineer, desenvolveu-se projetos bi e tridimensionais de um varal, portátil e compacto, para secagem de 60 folhas e de uma pia holandesa para triturar as fibras em menor tempo e melhor qualidade. Por fim, a terceira frente do estudo apurou a qualidade do produto obtido em relação ao seu uso em diferentes sistemas de impressão, tais como: serigrafia, jato de tinta e offset. Os critérios estabelecidos para avaliação das impressões foram: nitidez, absorção e facilidade de aderência pelo sistema usado. Sobre folhas brancas e com 20% e 50% de frações mássicas de fibra de bananeira, algumas com aplicação do revestimento de carboximetilcelulose (CMC), os resultados apontaram que os três tipos de impressão podem ser aplicados em papel reciclado artesanal, independentemente da fração mássica de fibra de bananeira. No entanto, destaca-se a serigrafia como o melhor sistema a ser utilizado. Enfatiza-se ainda que, para proporcionar maior segurança na execução do processo, a implementação do uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) às mulheres rurais foi essencial.