5º Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão

De 18/05/2009 à 22/05/2009

Macrofauna bentônica de substrato inconsolidado, fitoplâncton e nutrientes dissolvidos na área adjacente a um cultivo de moluscos em São Francisco do Sul (SC)

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville

Palavras-chave: cultivo de moluscos, macrofauna bentônica, fitoplâncton

O cultivo de organismos marinhos intensificou-se no mundo desde a década de 90 e a produção de moluscos em estuários do Brasil vem crescendo significativamente. Atualmente Santa Catarina é um grande produtor de moluscos no país e muitas famílias dependem dessa atividade como fonte de alimento e renda. Como são organismos filtradores e em decorrência das atividades biológicas, os moluscos contribuem com a aceleração da deposição do material em suspensão. Por esse motivo, a presença de campos de cultivo em áreas costeiras tende a alterar os padrões de circulação e as comunidades adjacentes. Em particular, os organismos macrobentônicos dessas regiões dependem da entrada de plâncton e detritos, e contribuem com a degradação da matéria orgânica, podendo ser utilizados como indicadores de alterações no sedimento. O objetivo do trabalho foi descrever a macrofauna bentônica do sublitoral inconsolidado, a composição do fitoplâncton e as concentrações dissolvidas de amônio (NH4), nitrito (NO2), nitrato (NO3), fosfato (PO4) e silicato (SiO4) em uma área de cultivo de moluscos no balneário de Paulas (São Francisco do Sul). As amostras foram coletadas nas áreas interna e externa do campo de cultivo, para promover a integração dos resultados. Em geral Polychaeta foi o grupo dominante, representado pelas famílias Capitellidae e Spionidae. A presença de Mediomastus sp. (Spionidae), um táxon oportunista de hábito detritívoro, se relacionou com os pontos de maior concentração de matéria orgânica. Foram identificados 20 gêneros no fitoplâncton, 12 mais freqüentes, representando 94,5% das ocorrências, na maioria diatomáceas. Para 14 taxa (12 Bacillariophyceae e 2 Dinophyceae) o registro foi igual ou superior a 1%, ou seja, Chaetoceros spp (28,4%), Thalassionema frauenfeldii (15,8%), Hemialus membranaceus (9,6%), Rhizosolenia imbricata (8,6%), Guinardia striata (7,3%), Ceratium spp (4,6%), Noctiluca scintillans (4,2%), Odontella sinensis (3,9%), Hemialus sinensis (2,8%), Thalassionema sp (2,7%), Helicotheca tamesis (2,5%), Thalassionema nitzchioides (1,8%), Bacteriastrum furcatum (1,2%) e Asterionellopsis glacialis (1,0%). As concentrações médias em superfície e fundo, respectivamente, para amônia 1,98 e 1,33ppm; para nitrito 0,048 e 0,096ppm; para nitrato 0,11 e 0,19ppm; para fosfato 0,67 e 0,61ppm; e para silicato 0,05 e 0,07ppm. Assim, observa-se que esse ambiente estaria organicamente enriquecido no sedimento e água superficial, pela deposição de matéria orgânica das pelotas fecais dos moluscos, por alterações na circulação d’água pela presença do cultivo e pelo aporte continental. O domínio de diatomáceas e de poliquetas Capitellidae corrobora com a conclusão anterior. Os resultados podem colaborar com o gerenciamento da área de cultivo de moluscos estudada.

ISSN: 1808-1665