5º Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão

De 18/05/2009 à 22/05/2009

"Sala dos sentidos" : a fronteira entre a visão e a cegueira

Palavras-chave: Educação Inclusiva, Deficiência Visual, Ensino da Arte

Em 2008 o 4º ano do Curso de Artes Visuais foi provocado a pensar temáticas que pudessem problematizar a cultura visual em proposições educativas e de investigação no contexto educacional e a refletir sobre as influências e relações produzidas nos modos de olhar o mundo, a nós próprios e os outros. Partindo de um trabalho interdisciplinar alguns professores, passaram a discutir a necessidade da alfabetização visual, e da compreensão da crítica visual. Como nos lembra Bavcar “a abundância da imagem-clichê é desprovida de qualquer substrato subjetivo, ela destrói no nosso cotidiano a presença real das coisas, e sua representação de nossa interioridade”. Muitas vezes, saturados pelo volume de imagens na mídia, somos paradoxalmente impedidos de vislumbrar a subjetividade que as objetivou ou o que, de fato, elas poderiam dizer se possuíssemos outro olhar. As discussões e vivências promovidas na disciplina de Educação Inclusiva geraram questionamentos sobre as formas e desafios de ler o mundo para aqueles que não possuem visualidade. Este texto apresenta resultados obtidos na “Sala das Sensações”, montada no CAD durante a Tertúlia, promovida pelo Curso de Artes Visuais no primeiro semestre. As sensações são vivências afetivas concretas. A intenção na montagem da “sala” foi a de promover ao visitante um espaço de desafios e estímulos inusitados. Em duas salas completamente escuras e interligadas foram montadas instalações sensoriais no chão, paredes e bancadas de modo que, durante todo o trajeto o visitante fosse surpreendido com inúmeras informações. Foram utilizadas: folhas secas, grama natural, pedras, garrafas, blocos de madeira, algodão, potes plásticos, água, gel, papel picado, balões, oras preenchidos com ar, oras com trigo ou ainda água, plantas aromáticas e sementes... Os sons ambientes remetiam a água corrente, chaves, portas rangendo e um metrônomo mecânico. Apetrechos variados, que se visualizados seriam facilmente reconhecidos, mas se tornavam confusos e desconhecidos por estarem envolvidos pela escuridão. A “sala dos sentidos” produziu incômodos e satisfações nos 84 visitantes ao longo de quatro dias. Os relatos colhidos sinalizaram para inúmeras referências sobre: sentir-se perdido, desprotegido; não conseguir identificar com clareza e segurança os objetos manuseados, esquecer-se da realidade criando realidades paralelas.Este espaço foi um convite para “sentir” imagens, experiências e pensamentos, e a partir dele descobrir e criar outros sentidos do ensino das artes visuais para alunos cegos ou com baixa visão. Àqueles que aceitaram o convite compartilharam da certeza de Saint-Exupéry de que “ o essencial é invisível aos olhos”.

ISSN: 1808-1665