5º Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão

De 18/05/2009 à 22/05/2009

A naturalização da violência para alunos da Educação Básica

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville

Palavras-chave: discurso, sentido, violência

A palavra violência é polissêmica e seu sentido é construído nas relações dos sujeitos discursivos. Para Bakhtin (1996, 2000), a palavra é um fenômeno eminentemente ideológico e, como tal, se constituí através das relações sociais, constituindo os sujeitos. O significado do termo violência é usado para representar uma força ou uma dominação sem legitimidade. Os diferentes níveis e tipos de violência (da física à psicológica) ocorrem, em algum momento, pela linguagem, porém o sentido dado à violência irá depender de como os sujeitos que a empregam a construíram na sua experiência psicossocial. Fairclough (2001) entende que o sentido dado à palavra é pautado pelo contexto sócio-histórico no qual o sujeito discursivo a emprega e só é possível desvelar o sentido ao se analisar criticamente a fala desse sujeito. A análise aqui apresentada faz parte do projeto de pesquisa “O significado da violência e o sentido da não-violência” que tinha como um dos objetivos apontar os sentidos do que é considerado/entendido como violência para alunos de uma Escola Básica da rede pública de Joinville. Foi aplicado um questionário com 59 alunos de duas turmas de 5ª série entre 11 e 16 anos. O questionário foi dividido em duas partes: uma procurava obter informações sobre como os alunos viam a violência; a outra parte investigava sobre as experiências violentas já vividas por eles. As duas ajudaram a perceber qual o sentido que os alunos têm e o que eles enxergam como atitudes violentas. Os dados obtidos foram analisados tendo como fundamento a Análise Crítica do Discurso de Fairclough (1995). Pôde-se observar que, nas questões mais conceituais, os alunos demonstraram reconhecer a violência na sua dimensão biopsicossocial, os diferentes tipos de violência e a responsabilidade da família e da escola na educação para a paz. Porém, quando se tratava de atitudes do cotidiano relacionadas às experiências com a violência, observou-se que há pouca clareza do que pode ser considerado violento. A prática social conduzida implicitamente pelos discursos ideológicos a que estão expostos parece dificultar a percepção da violência, por exemplo, veiculada pela televisão, no uso de palavrões e no bullying. Parece menos evidente para os alunos que a linguagem possa ser usada de forma violenta ao denegrir ou subjugar o outro. Ou seja, o exercício do poder pela palavra constitui uma das formas mais primárias de violência e sua naturalização fica evidente no sentido dado a ela por esses alunos.

ISSN: 1808-1665