Pensando sobre as mulheres religiosas em Joinville e as transformações ocorridas em suas vivências durante o século XX, a presente pesquisa, financiada pelo FAP/UNIVILLE, problematiza, com o aporte da metodologia da História Oral, memórias e histórias de religiosas em diferentes espaços populares da cidade, com um olhar atento às mudanças políticas, econômicas e sociais na América Latina e Igreja Católica a partir da década de 1960. É nesse momento que a Igreja passou a orientar sua ação na comunidade e, parte dela, a impor uma consciência de que, em uma sociedade injusta e desigual, necessitava-se a opção pelas populações empobrecidas, acentuando-se a inserção destas mulheres em pastorais, comunidades eclesiais, movimentos sociais e/ou organismos civis articulados em função da inclusão social, da igualdade nas relações sociais e da superação das violências, buscando caminhos de resistência, solidariedade e transformação. Um processo de revisão e revigoramento foi desencadeado e lançado um olhar crítico sobre o contexto do país e a prória interação da vida religiosa nestes meios, que passava por significativas mudanças nos âmbitos pessoal, comunitário e institucional. Enfatizou-se uma vida solidária com os excluídos, potencializou-se a partilha e o anúncio missionário, acolheu-se as mudanças necessárias e refletiu-se a vocação como um espaço de novas relações, especialmente sócio-econômicas e culturais, étnicas e de gênero. Todos esses processos foram transformações pertinentes, ao analisá-los, busca-se um olhar para estas representações, focalizando as mulheres religiosas nesta interação com a sociedade, bem como suas práticas cotidianas e experiências. A partir dessa discussão, a pesquisa foi iniciada com uma revisão bibliográfica, com a análise de produções sobre gênero, história de Joinville, memória, História Oral, religiosidade e movimentos sociais/populares; realizou-se uma pesquisa documental e um levantamento de dados, principalmente nos acervos do Centro de Direitos Humanos “Maria da Graça Bráz” e Arquivo Histórico de Joinville – AHJ. Posterioremente, elaboraram-se instrumentos de pesquisa com as temáticas discutidas que estão direcionando as entrevistas orais – que serão disponibilizadas ao acervo do Laboratório de História Oral – LHO, da UNIVILLE, no final da pesquisa. Trabalhando com essa perspectiva e visando contribuir com outros olhares à presença dessas mulheres na cidade, as entrevistas orais focam religiosas, nascidas, preferencialmente, antes da década de 1950 e que estão inseridas em diferentes comunidades de Joinville. Esta pesquisa, que integra o Grupo de Pesquisa “Gênero e Memória”, objetiva criar e organizar fontes orais relacionando memória, gênero, religiosidade e movimentos sociais/populares na cidade, ampliando os estudos nestas áreas.