O objetivo central dessa pesquisa é esclarecer os motivadores históricos que levaram o Movimento Passe Livres (MPL) a se organizar através da autogestão, recusando hierarquias institucionais, durante o período de 2005 a 2008 na cidade de Joinville. Para tanto, alguns caminhos foram percorridos, buscando identificar os participantes; com o que se identificam no movimento; sua organização para manter a militância. Posteriormente buscou-se conhecer quais os vínculos e quais as posições individuais perante o coletivo; bem como explicitar a influência do movimento nacional nas decisões regionais, percebendo assim qual é a ligação com a cidade de Joinville e quais são as propostas de organização para discutir políticas públicas para a região fora do âmbito institucionalizado, como o movimento se propõe; por conseguinte analisar a coerência entre o seu discurso autogestionário e a sua prática, para saber se é ou não uma alternativa ao meio institucional e partidário eleitoral. Sendo o movimento uma alternativa organizacional para discutir políticas públicas (ou, a principio, tencionando ser), se faz necessário pensar como o poder público reage a essa alternativa, tendo analisado para isso alguns discursos na mídia, criminalizantes, inclusive, e a reações concretas por meio das prisões e proibições as quais o MPL se deparou em seu percurso durante o período pesquisado; assim, para rigor de análise, estudou-se também as manifestações públicas organizadas pelo movimento, visando tomadas de decisão, resultados obtidos, alterações de estratégia e táticas, sempre comparando com o seu discurso, para perceber se a organização horizontal é efetiva ou se segue o exemplo da democracia representativa, e seu discurso serve apenas para aglutinar indivíduos. Para tanto, foi levantada uma bibliografia tanto sobre o movimento, quanto da história da cidade, recortes de jornais foram analisados, documentos do movimento, como atas, manifestos, cartas, bem como o blog, foram lidos, além de entrevistas orais com militantes do movimento e um jornalista para entender como os bastidores da construção do discurso pôde se dar na região. Um formulário de identificação também foi distribuído entre os militantes do movimento que quiseram preenchê-lo. Esta pesquisa é financiada pelo FAP/Univille.