A comunicação tem como objetivo discutir resultados parciais da pesquisa desenvolvida sobre as ocupações territoriais em Joinville, que por sua vez está ligada a um projeto mais amplo intitulado “Atlas Histórico da Região da Baía da Babitonga”, sob coordenação da Professora Doutora Sandra P. L. de Camargo Guedes. O procedimento metodológico adotado foi, além de um suporte bibliográfico, uma pesquisa documental, no Arquivo Histórico de Joinville, focada nas escrituras de terras dos séculos XIX e XX. As escrituras contêm dados variados, como os nomes do antigo e do novo proprietário, localização das terras, valor dessas terras e forma de pagamento, abrangendo desde a fundação da Colônia Dona Francisca, em 1851 até 1926. Esses documentos foram importantes na medida em que possibilitaram entender o processo de vendas de terras em Joinville e sua distribuição espacial; verificar as transformações e permanências dos compradores; entender as formas de distribuição e ocupação de terras urbanas e rurais; além de conhecer as características dos compradores, possibilitando análise das divisões sociais. Confirmando a afirmação de Carlos Ficker, as ocupações aconteceram segmentadamente por nacionalidades, seguindo os suíços em direção ao Oeste, pela Rua do Meio (Atual XV de novembro), os noruegueses em direção ao norte (Nordstrasse), atual Dr. João Colin e os alemães na direção sul-oeste, acompanhando o inicio do percurso do Ribeirão Mathias (Mathias Strasse) atual Visconde de Taunay, observando um desenvolvimento partindo da atual região central para as interioranas. Observou-se também um desenvolvimento nas regiões rurais a partir da construção da Estrada Dona Francisca, elo entre Curitiba e Santa Catarina. No período de 1900 a 1926, observou-se a intensificação de compra e venda de imóveis construídos, denotando uma pequena migração interna. É importante observar que o contexto da história das ocupações de terras em Joinville acontece no período pós Lei de Terras de 1850, que fazia exigências de apresentação de títulos e estabelecia a compra como única forma de acesso legal à terra, por isso a importância desse documento comprobatório que, inclusive, registra o valor de pagamento dos financiamentos das terras, facilitado pelo governo Imperial para europeus.