6º Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão

De 17/05/2010 à 21/05/2010

Efeito da poluição sonora sobre o boto-cinza (Sotalia guianensis) na Baía da Babitonga

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville, Brasil

Palavras-chave: poluição sonora, Sotalia guianensis, baía da Babitonga

O trabalho teve como objetivo analisar o efeito da poluição sonora de pequenas embarcações sobre os sons de comunicação social de Sotalia guianensis na Baía da Babitonga, assim como caracterizar acusticamente as principais fontes emissoras e o repertório sonoro da espécie. Foram coletados registros sonoros da espécie em três momentos: na ausência, presença e após a interferência sonora causada pela passagem de uma embarcação a motor. Foram utilizadas embarcações de 15 e 60 HP para a realização dos testes. O sistema de aquisição acústica foi composto por um hidrofone calibrado, com capacidade de aquisição plana até 100 kHz, acoplado a um gravador digital Fostex com freqüência de amostragem de até 192 kHz. Quando um grupo de botos era localizado, o barco com o equipamento acústico se mantinha mais próximo possível. Com ajuda de rádios talk-about este barco matinha contato com o outro barco, que fazia a passagem pelo grupo de botos em distância pré-determinada. As gravações foram armazenadas em arquivos de 2 minutos e a distância do barco era registrada continuamente com o auxílio de um rangefinder. Em laboratório as gravações foram analisadas através do programa Avisoft 4.4. A ocorrência de variações na estrutura dos assobios foi analisada através do teste de Kruskal-Walis. Foram registrados 7.169 assobios, sendo que 4.781 foram analisados. A espécie produz assobios ascendentes, descendentes, côncavos, convexos, regulares e com 2, 3, 4, 5 e 6 inflexões, sendo que o ascendente foi o mais representativo (n = 4.050). A freqüência variou de 0,7 a 78,3 kHz. Com relação a passagem de embarcações, o maior número de assobios foi registrado após a passagem. Considerando todos os assobios juntos, o teste de Kruskal-Walis demonstrou a existência de diferenças na freqüência inicial (H (2, N = 4681) = 73,14340; p = 0,000), na freqüência final (H (2, N = 4681) = 17,43073; p = 0,0002), na duração (H (2, N = 4681) = 82,11734; p = 0,000) e na amplitude H (2, N = 4681) = 64,37632; p = 0,000). Observou-se uma tendência geral de aumento de freqüência durante a passagem dos barcos, associado a uma redução na duração dos assobios para diferentes tipos de assobios. Em alguns casos, a freqüência é maior durante a passagem e retorna aos valores do “antes” na situação “depois”. Assobios mais curtos estão associados a uma menor amplitude, o que refletiu resultados semelhantes para estes dois parâmetros na análise

Apoio / Parcerias: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza

ISSN: 1808-1665