6º Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão

De 17/05/2010 à 21/05/2010

Educar para o uso da linguagem da não-violência

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville, Brasil

Palavras-chave: leitura crítica, desnaturalização, não-violência

A instituição escolar, enquanto espaço social reproduz a opressão e a violência que acontece na sociedade. A violência é tanto endógena quanto exógena a escola, já que os professores e os alunos pertencem a diferentes esferas sociais que os determina nas relações dialogicamente. A banalização de acontecimentos violentos, especialmente veiculados pela mídia, parece ajudar na sua naturalização e que se materializa pela imagem e pela palavra. Para Vygotsky (1996), a linguagem constitui o homem e se realiza nas relações sociais. Ao manifestar seu pensamento só o faz dentro de limites formalizados (texto) e de uma determinada ideologia discursiva. A compreensão do texto oral, escrito e imagético (materialização do discurso ideológico) significa desfazer a opacidade inerente ao discurso. Para Fairclough (2001), esse processo de compreensão torna possível a desnaturalização da condição de poder, de manipulação e de coação daquele que detém a palavra, assim como, do discurso de uma civilização que valoriza a violência. Esses pressupostos fundamentam o projeto de extensão denominado “Linguagem da não-violência na escola: educando para a paz” que tem como objetivo conscientizar os sujeitos envolvidos que o uso da linguagem nas relações sociais cotidianas pode estar impregnado de violência, para que consiga, através da leitura crítica de diferentes gêneros textuais de circulação, estabelecerem, pelo diálogo, as negociações para os conflitos que são inerentes a prática discursiva. O reconhecimento do discurso da violência e, seu posterior estranhamento, pode levar a sua desnaturalização. Com esse propósito, foi desenvolvida uma oficina com alunos de uma 6ª série do Ensino Fundamental em uma escola pública da cidade de Jaraguá. As atividades foram desenvolvidas a partir da leitura de diferentes gêneros textuais como propaganda e dizeres de camiseta. No início das atividades havia uma crença de que a língua não pode ser usada de forma violenta. A violência só era entendida quando relacionada à agressão física. Numa primeira reação, muitos achavam graça de alguns dizeres de camiseta, não conseguindo compreender o seu sentido. Após a leitura e discussão dos textos, a maioria dos alunos começou a dar um novo sentido à palavra violência. Assim, no decorrer da oficina os alunos foram percebendo que tanto a imagem como a palavra podem ser usadas de forma violenta. Essa percepção é o primeiro passo para que o sujeito comece um possível processo de ressignificação e, consequentemente, de desnaturalização de algumas condutas cristalizadas.

ISSN: 1808-1665