Etnoecologia é o estudo das interações entre a humanidade e o resto da ecosfera, através da compreensão do comportamento, conhecimentos e crenças a respeito da natureza. Sua ênfase, deve ser na diversidade biocultural e o seu objetivo principal a integração entre o conhecimento ecológico tradicional e o conhecimento ecológico científico. É sobre esse conceito, que integra, na perspectiva dos povos tradicionais ou primitivos, suas percepções da realidade, as quais envolvem natureza, homem, sociedade e o mundo sobrenatural. A área de estudo envolveu as regiões de Itapoá, Garuva, São Francisco do Sul, Guaratuba e seus habitantes, que juntamente com as inclinações teóricas, fomentaram o diálogo com o conhecimento científico. Foram efetuadas 30 entrevistas no período de março a outubro do corrente ano, com visitas semanais a moradores das localidades. Este estudo objetivou indagar o conhecimento dos moradores locais sobre a fauna, crenças e os memes da região. Procedeu-se de acordo com métodos da etnociência, utilizando-se de abordagem êmica, na qual as informações foram registradas e analisadas segundo a visão dos entrevistados. Os dados obtidos mostraram que nesta região ainda se guardam dias santos, quaresma e crenças no sobrenatural. “Sim, sim, todos eles respeitam. A nossa família respeita domingo e dia santo, dia das arma, sexta feira grande. Respeitam porque no nosso tempo passado deu muito acidente. Então o pessoal mais véio conta as historia pros novo e os novo respeita né”( um entrevistado). Sabe-se que, através destas correntes também se preserva a natureza. Percebeu-se que 15 dos entrevistados ainda caçam para subsistência ou troca por mercadorias, 05 caçam de forma apenas comercial, 10 caçam de forma esportiva ou para “arejar a cabeça” segundo um entrevistado. Segundo relatos, a única espécie que praticamente desapareceu foi a paca
(Agouti paca). “A paca eu acho que é o bicho que tá mais sumido, antigamente tinha muita, hoje não se vê mais” (um entrevistado). Foram relatados aumento de densidade nas espécies de tatu (
Dasypus novemcinctus), bugio (
Alouatta guariba clamitans), quati (
Nasua nasua), capivara
(Hydrochoerus hydrochoeris), veado (
Mazama gouazoubira), e o cateto (
Tayassu pecari). Segundo os entrevistados, isso se deve á proibição da caça e atuação da polícia. “Eu fui preso caçando, nunca mais cacei, eles tão lá pra enfeitá a mata né” (um entrevistado). As informações sugerem a necessidade de planos de manejo para as atividades extrativistas na região.