As abelhas têm nas plantas uma fonte abundante de energia, sendo a principal consequência da interação abelha-flor a polinização, importante na reprodução das plantas já que garante a fecundação e proporciona variabilidade genética.
Visando corroborar as relações ecológicas ocorrentes entre abelhas nativas e plantas medicinais, foram observadas suas interações no campus Joinville da UNIVILLE. Em 2009 e 2010, o trabalho foi realizado no horto medicinal da universidade, composto por 3 jardins, com 116 espécies de plantas, de 42 famílias e, em 2011, foi estendido a todos os jardins do campus. As observações foram mensais, durando 12 horas diárias, de fevereiro 2011 a janeiro 2012. As abelhas eram procuradas sobre as plantas floridas, em paradas de cinco minutos em cada planta e foram capturadas com redes entomológicas sendo posteriormente preparadas para a identificação. As informações sobre indivíduo coletado e planta foram registradas em banco de dados.
Foram amostradas nos 12 meses, 2978 espécimes de abelhas, das quais 2666 foram apenas registradas: indivíduos dos táxons
Apis mellifera L., 1758 (espécie exótica introduzida, 1455 indivíduos),
Trigona spinipes Fabricius, 1793 (irapuá, 1192 indivíduos),
Dialictus sp. e Euglossini. As abelhas capturadas (312 indivíduos) se incluem em 23 morfoespécies, dentre as quais:
Ceratina (Crewella) sp.,
Ceratina (Rhysoceratina) sp. e
Thygater sp. Em termos de predomínio de subfamílias, em ordem decrescente, ocorreram Apinae corbiculados (principalmente
Apis mellifera e
Trigona spinipes), Halictinae (
Augochloropsis sp. e
Pseudoaugochlora sp.), Apinae não corbiculados (
Exomalopsis sp.), Xylocopina (
Xylocopa (Neoxylocopa) sp.) e Megachilinae (
Megachile (Ptilosaroides) sp. Foi notada a presença de
Epicharis (Epicharana) sp (tribo Centridini), de espécies solitárias, cujas fêmeas coletam óleo das famílias botânicas Malpighiaceae e Krameriaceae, com ninhos escavados em barrancos, ao abrigo da luz. No período de observação, no campus todo, constatou-se a existência de 42 espécies botânicas, de 23 famílias, de interesse dos polinizadores, observando-se dentre elas
Ravenalamadagascariensis Sonnerat (árvore-do-viajante)(Strelitziaceae) e
Maytenus ilicifolia(Schrad.) Planch. (espinheira-santa) (Celastraceae)
. Das plantas apícolas, 23 se encontravam no horto medicinal e outras 17, fora deste. As famílias botânicas mais visitadas quantitativamente foram Lamiaceae e Asteraceae. O estudo anterior, realizado apenas no horto, apontou 52 espécies de plantas apícolas e agora alcançam-se 69 para o campus.
As novas observações evidenciam o interesse das abelhas por variados táxons vegetais, num sistema de escolha e compartilhamento entre as espécies da apifauna, apontando a importância das pesquisas neste campo, com o objetivo de se conhecer as preferências florais desses polinizadores.