O presente trabalho analisa a 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, elaborada pelo Instituto Pró Livro, publicada em 2012. A pesquisa registra, por meio de diversos indicadores, o comportamento leitor do povo brasileiro. O objetivo principal da análise foi identificar características da leitura no país, enfatizando a relação entre os processos de alfabetização, letramento e escolarização. Uma vez que a pesquisa foi composta basicamente por gráficos, a metodologia adotada foi a da análise comparativa, na qual diferentes dados são organizados e cruzados, a fim de serem identificadas tendências, transformações ou contradições. Considerando o enorme volume de dados da pesquisa e o objetivo geral de analisar dados que possibilitassem o estabelecimento de uma relação entre os processos de alfabetização, letramento e escolarização, a presente análise foi feita a partir de um recorte, no qual gráficos sobre aquisição das tecnologias de escrita e leitura e uso dessas tecnologias em práticas sociais tivessem espaço central, em detrimento de outras questões classificadas como secundárias dados os objetivos da pesquisa. Partindo do objetivo central, procurou-se investigar de formas mais específicas a relação entre os três processos citados. Uma das formas adotadas foi a análise dos hábitos de leitura dos brasileiros durante e após o período de escolarização, a fim de verificar indícios da interferência da escolarização nas escolhas feitas pelos leitores no restante de suas vidas. Concluiu-se que alguns tipos de materiais adotados e divulgados pela escola continuam sendo lidos pelos que a deixam. No entanto, também se notou que os brasileiros que terminaram os estudos possuem, entre suas leituras principais, materiais pouco divulgados pelo ambiente escolar, o que configuram indícios de autonomia dos leitores em suas escolhas. Verificaram-se, também, possíveis coincidências entre as práticas de leitura trabalhadas na escola e aquelas mais adotadas no cotidiano dos indivíduos já escolarizados. Tal questionamento se baseou na idéia corrente de que a escola tem priorizado em seu currículo a produção de gêneros textuais diversos. Ou ainda, a verificação da imagem das bibliotecas na visão dos entrevistados, bem como o apontamento de suas utilidades. Cada um desses questionamentos gerou contribuições à questão central, ou seja, à definição de ligações entre os processos de alfabetização e letramento com o período cursado na escola pelos brasileiros. Tal ligação mostrou-se vital, visto que a escola é a principal responsável pelos processos de alfabetização e letramento dos cidadãos, porém passível de críticas e questionamentos quanto às direções seguidas atualmente.