A família e a escola são instituições responsáveis pelo processo de desenvolvimento físico, intelectual, emocional e social dos estudantes, de forma que ambas possuem atribuições específicas designadas pela sociedade. Contudo, muitas vezes, o relacionamento entre família e escola é permeado de situações conflituosas, estando o desempenho escolar no centro dessa relação. Para lidar com as dificuldades no processo de escolarização, uma das estratégias utilizadas são as Salas de Apoio Pedagógico (SAP’s), que surgem com a proposta de melhorar a qualidade de ensino e favorecer a inclusão. Nesse contexto, o atual estudo buscou apreender os sentidos atribuídos por pais à frequência de seu filho à Sala de Apoio Pedagógico. Para tanto, foram realizadas 10 entrevistas com mães, indicadas pelas próprias escolas, as quais tiveram seu filho encaminhado para a SAP. Esta pesquisa busca então apreender a concepção dos pais sobre a função da escola e da SAP, assim como entender como foi realizado o encaminhamento e o sentido atribuído a ele. Os dados foram analisados por meio de análise de conteúdo (FRANCO, 2008). Durante todo o processo da pesquisa (contatos com a escola, família e a entrevista em si) percebeu-se como as relações entre as duas instituições são estabelecidas. Como resultados constatou-se que a escola tem a expectativa de um modelo ideal de família, no qual há papéis designados social e historicamente à seus membros, entretanto nem sempre é possível responder da maneira esperada, o que acaba sendo frequentemente um fator que estigmatiza o processo de escolarização da criança. Outro aspecto observado é que a família atribui à escola função essencial para o futuro dos estudantes. As mães trouxeram uma visão pragmática da aprendizagem, principalmente da leitura e escrita, isto é, com foco na decodificação do código escrito. O papel da mãe demonstrou ser socialmente mais carregado de responsabilidade com relação à educação escolar de seus filhos. Percebeu-se também que o encaminhamento dos alunos é entendido como forma de suprir “deficiências” da família ou da própria criança. Esse fato demonstra que o pensamento da família é carregado de definições impostas por um sistema que tenta disfarçar seus problemas sociopedagógicos através da culpabilização.