A pesquisa sobre a visão da imprensa acerca do acesso á terra no nordeste catarinense no século XIX está ancorada em um projeto mais amplo sobre as representações sociais acerca do acesso a terra e a modernização agrícola presentes nos discursos jornalísticos e literários no período imperial, sob a coordenação da Professora Eleide Findlay. A história fundiária da região da baia da Babitonga analisada sob a perspectiva da teoria das representações sociais contribui para a identificação da diversidade presente no discurso dos atores envolvidos no processo de ocupação territorial do litoral nordeste catarinense. As representações expressam as opiniões, imagens e ideologia dos grupos sociais ao quais os indivíduos pertencem. Como o objetivo proposto visava à identificação das representações sobre o acesso à terra presentes no discurso jornalístico do século XIX, o procedimento metodológico constituiu-se no levantamento dos periódicos existentes no Museu Histórico de São Francisco do Sul e Arquivo Histórico de Joinville- AHJ. A coleta de dados concentrou-se no AHJ, já que a instituição de São Francisco do Sul não conta com exemplares de periódicos do século XIX. O jornal a Gazeta de Joinville, do período de 1877 a 1879, se constituiu na principal fonte documental, em virtude da quantidade de artigos sobre a temática. Para atender aos objetivos da pesquisa, as informações restringiram-se a discussão sobre a colonização já que o jornal além de expor suas posições sobre o assunto, também, transcrevia artigos de jornais da capital do Império. Pode-se observar que ao identificar o escasso povoamento do território nacional como consequência da “raridade da população” enfatizava a necessidade de se recorrer à colonização estrangeira, espontânea, particular ou governamental. Em relação à representação acerca dos nacionais, forma como os lavradores eram denominados, encontrou-se afirmações que os identificavam como “um elemento negativo da prosperidade e progresso nacionais.” Dessa forma, o estimulo a colonização estrangeira era identificada como primordial também, e, principalmente para o progresso do Império. Diversos artigos discutiam o papel do Governo na promoção da colonização estrangeira, as despesas com a vinda dos estrangeiros e os resultados obtidos. As construções manifestadas através do discurso jornalístico sobre o processo de ocupação territorial indicaram uma forte influencia da visão elaborada por viajantes estrangeiros e, que ajudaram na construção do pensamento complexo na produção das representações veiculadas pelos periódicos e, portanto, como fonte para a produção das representações cotidianas a respeito dos diferentes grupos envolvidos no processo de povoamento.