O processo de cromagem em polímeros é um tipo de recobrimento de superfície, que tem como objetivo principal melhorar suas propriedades decorativas e estéticas, sendo a indústria automobilística a principal fonte de negócios. O ABS (acrilonitrila-butadieno-estireno) é o termopolímero mais usado em cromagem, devido à sua estrutura e composição química. Para o recobrimento da superfície das peças por uma camada metálica, o processo de cromagem é realizado em duas etapas: pré-tratamento químico e tratamento eletrolítico, sendo estas constituídas por vários banhos com soluções químicas. Após o recobrimento, a camada metálica depositada pode apresentar defeitos como camada incompleta, aspereza, manchas, entre outros e as peças serem reprovadas por não apresentarem um acabamento visual uniforme, gerando um índice de refugo de aproximadamente 8%. Com a necessidade de recuperar estas peças, a camada metálica é removida pelo processo de decapagem química, que consiste em imergir a peça em ácido clorídrico e, posteriormente, em ácido nítrico, o que ocasiona a perda significativa das propriedades do ABS, impedindo o reprocesso na indústria de cromagem, sendo recomendável que o material seja reprocessado apenas uma vez. Neste trabalho, amostras de ABS injetadas e cromadas foram avaliadas por inspeção visual e as que apresentaram defeitos, foram decapadas por até duas vezes em ácidos clorídrico e nítrico por diferentes tempos de imersão (30, 50, 70 e 130 min.) Após cada decapagem, as alterações na morfologia da superfície das amostras foram avaliadas por espectroscopia no infravermelho (FTIR/ATR) e microscopia eletrônica de varredura (MEV) e comparadas com as das peças injetadas e não cromadas. A decapagem ocasionou a remoção da camada metálica da superfície das peças e quanto maior o número de decapagens e tempo de imersão, mais intenso foi o ataque na superfície. Houve remoção de parte dos componentes que formam o ABS, verificado pela diminuição da intensidade dos picos referentes à acrilonitrila (2238 cm-1), butadieno (910 cm-1) e estireno (698 cm-1), e com isso, a formação de microporos, reentrâncias e microvales. Estes fatores influenciaram na qualidade da deposição metálica, ocasionando a falta de adesão da camada metálica. Portanto, a peça deve passar por apenas uma decapagem e o tempo de imersão na solução decapante deve ser controlado, aproximadamente 30 minutos, ou o suficiente para a remoção da camada metálica.