2ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA - SUCST

De 09/11/2015 à 10/11/2015

ADOLESCÊNCIA E GRAVIDEZ: IMPLICAÇÕES NO PERCURSO EDUCACIONAL DE JOVENS MÃES

Univille, Univille, Joinville

Palavras-chave: Gravidez precoce, Adolescência, Escola

Debates e investigações acerca do tema gravidez na adolescência têm sido cada vez mais presentes em nosso cotidiano como apontam Frizzo, Kahl e Oliveira (2005), Dias e Teixeira (2010), Souza, Nóbrega e Coutinho (2012). Vários são os impactos de uma gestação precoce, seja ela inesperada ou planejada, como restrições socioeconômicas, situações de preconceito, impactos em seus laços relacionais e repercussões em sua vida escolar. Com o objetivo de compreender que implicações a gravidez precoce possui na trajetória educacional de mães adolescentes, esta pesquisa caracterizou-se por seu cunho qualitativo, baseando-se teórico-metodologicamente no materialismo histórico e dialético que entende o sujeito como um ser ativo, social e histórico. Poderiam participar adolescentes de 12 a 18 anos, em gestação ou após, devidamente matriculadas na rede estadual de ensino de uma cidade do norte de Santa Catarina. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, com roteiro elaborado para tal fim, gravadas, transcritas literalmente e submetidas ao método de análise de conteúdo. Ao total, participaram cinco jovens mães, mediante autorização dos pais e/ou cuidadores. Como resultados, sentimentos e condutas, em geral negativos, por parte de familiares, amigos e conhecidos frente à notícia da gestação, destacando a questão da falta de planejamento, despreparo e imaturidade, foram relatados pelas adolescentes. Quando perguntadas acerca de métodos contraceptivos, todas indicaram terem conhecimento, contudo, o uso não era uma prática, destacando-se a crença de uma única relação sexual sem prevenção não bastaria para engravidar. Sobre a presença da temática sexualidade no cotidiano escolar, para elas, essas ações foram restritas e superficiais, dificultando a compreensão, discussão e aproximação com a realidade por elas vivida. Referente à vida escolar após a gravidez, uma das participantes informou ter interrompido sua trajetória educacional; duas cogitavam também interromper após o nascimento do bebê por conta dos cuidados com o recém-nascido; e duas disseram que terminariam o ensino médio por terem o auxílio de seus familiares após o nascimento das crianças, caso contrário isso não ocorreria. A escola desempenha um relevante papel cultural e histórico na constituição do sujeito. A interrupção da trajetória educacional ou seu impedimento pode deixar marcas irremediáveis que deflagram processos de exclusão social, impactando nas visões de homem e de mundo de forma ímpar, bem como possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem. Por fim, percebe-se a necessidade de se repensar as propostas escolares sobre sexualidade, por ser uma questão que atravessa a educação e, talvez, o único espaço-momento existente para isso.

ISSN: 1808-1665