Entre os polímeros, o ABS (acrilontrila-butadieno-estireno) é um dos mais utilizados nos processos de cromagem, pois sua estrutura e composição química, associadas ao preço intermediário, tornam-no mais viável técnica e economicamente. Na cromagem, em função da falta de controle adequado das condições operacionais, são gerados altos índices de peças refugadas, podendo chegar a aproximadamente 8%. Nas indústrias galvânicas já são aplicados processos de decapagem química, no qual a peça metalizada é submetida a banhos de ácido clorídrico e nítrico para a remoção da camada metálica. Contudo, esses banhos ácidos, associados a condições inadequadas de reprocessamento, afetam as propriedades do material. Desta forma, o ABS decapado passa a ser utilizado somente na produção de peças que exigem propriedades inferiores às do ABS virgem ou é enviado para aterro industrial. Devido à necessidade de diminuir o impacto ambiental gerado pelas indústrias galvânicas, neste trabalho, peças em ABS cromadas refugadas e decapadas quimicamente foram moídas e submetidas ao processo de injeção em diferentes proporções (20, 30, 40, 50 e 100%) de mistura com ABS virgem e novamente cromadas. As peças injetadas foram analisadas por análise termogravimétrica (TGA), calorimetria diferencial exploratória (DSC), espectroscopia no infravermelho (FTIR/ATR) e índice de fluidez. Após a cromagem foram caracterizadas por inspeção visual e teste de adesão, e suas propriedades comparadas com as do ABS virgem. Todas as peças foram aprovadas na inspeção visual e no teste de adesão da camada metálica, porém, observou-se um escurecimento gradual com o aumento da concentração de ABS decapado. Não houve variações significativas na estabilidade térmica em relação ao ABS virgem, porém, peças com maiores percentuais de material decapado apresentaram picos menos acentuados de perda de massa, diminuição da temperatura de transição vítrea e aumento do índice de fluidez, o que pode estar relacionado à formação de materiais de baixa massa molar pela quebra de cadeias e oxidação do material no reprocessamento. Em FTIR/ATR, houve o aparecimento de picos em 1724 cm-1 (carbonilas em ésteres saturados), entre 1400 e 1200 cm-1 (ésteres e éteres vinílicos e fenílicos) e diminuição de intensidade de picos 1130 e 980 cm-1 (insaturação de grupos vinílicos) comprovando a degradação e oxidação, principalmente do butadieno. Embora as peças obtidas com material reprocessado tenham sido aprovadas com relação à cromagem, algumas propriedades estruturais do polímero são afetadas, sendo indicado avaliar previamente quais as propriedades desejadas para as mesmas em função de sua aplicação.