Introdução: o conceito de acesso à saúde passou por transformações ao longo do tempo e nos contextos das sociedades. Contudo, ter acesso aos subsídios de bens e serviços de atenção à saúde, não necessariamente promove os resultados de saúde pretendidos, dada a complexidade deste desfecho. A asma é uma inflamação das vias aéreas com hiperresponsividade brônquica tratada com medidas de controle ambiental e com a associação de anti-inflamatórios a broncodilatadores. Objetivo: avaliar a acessibilidade do serviço de dispensação de medicamentos para asma grave, e quais impactos no resultado saúde, no CEAF em Joinville-Santa Catarina. Metodologia: pesquisa empregou abordagens quantitativa e qualitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com os pacientes, conduzidas por roteiro semiestruturado, realizada para avaliar aspectos da acessibilidade dos serviços de cuidados da asma. O modelo de Andersen subsidiou a análise dos dados; usou-se suas dimensões, fatores e características como códigos pré-definidos para a análise. Os dados qualitativos foram gerenciados com o software Atlas.ti, enquanto os dados quantitativos foram analisados com o GraphPad Prism. Resultados: os participantes incluídos na pesquisa qualitativa foram 2 homens e 8 mulheres, com idade entre 51 e 79 anos, sendo que 80% dos participantes tinham ensino fundamental incompleto. Na amostra quantitativa, 101 pessoas foram entrevistadas, sendo 46 homens e 55 mulheres, com idade entre 18 e 81 anos, entre os quais 50,5% com ensino fundamental incompleto, e com renda até R$1760.00. Dos 101 pacientes entrevistados 87,1% declarou ter obtido quantidade parcial do medicamento para asma ou não ter obtido qualquer quantidade em ao menos 1 mês do último ano, sendo que 93% dos entrevistados atribuíram a não obtenção ou obtenção parcial à falta do medicamento na Farmácia. A maioria, para completar a quantidade em falta, adquiriu por desembolso privado individual. Os dados demonstram a fragilidade da acessibilidade, uma vez que a maioria dos pacientes esteve sujeito no último ano à indisponibilidade de seus medicamentos. Conclusão: O estudo desenvolvido demonstrou a complexidade dos fatores relacionados ao acesso, com consequências desafiadoras sobre a capacidade organizacional dos serviços de saúde. Aspectos como financiamento, adequação e aceitabilidade impactam sobre a utilização, adesão e outros aspectos relevantes no cuidado. O contexto de vida do sujeito se relaciona aos aspectos organizacionais e modula comportamentos de pacientes e profissionais, exigindo um outro olhar sobre o manejo da farmacoterapia, a fim de alcançar os resultados em saúde pretendidos.