As espécies de fungos liquenizados da família Physciaceae distribuem-se pelo mundo todo, principalmente em áreas com maior luminosidade e ocupando uma ampla gama de substratos. A família pode apresentar como características principais: talos crostosos, foliosos ou fruticosos, ascoma lecanorino (menos frequente lecideíno), séssil ou eventualmente imerso, hipohimênio hialino; ascósporos septados, marrons, com parede espessa; e uma ampla gama de compostos secundários. Geralmente são liquenizados com algas unicelulares verdes, principalmente do gênero Trebouxia. No Brasil, os principais gêneros com espécies foliosas dizem respeito a Heterodermia, Hyperphyscia, Phaeophyscia e Physcia. No país ocorrem mais de 110 espécies distribuídas em seis gêneros com talos foliosos, sendo que Heterodermia é o representante com maior número de espécies. O objetivo desse estudo é contribuir para o conhecimento da micobiota liquenizada nacional e catarinense. Os materiais foram coletados no município de São Bento do Sul, planalto norte de Santa Catarina (CEPA Rugendas), em área localizada a 600 m de altitude e caracterizada como de Floresta Ombrófila Densa Montana. As análises morfológicas e anatômicas foram realizadas sob microscópios estereoscópico e óptico, cortes anatômicos foram feitos à mão livre. Análises químicas seguiram metodologia padrão em liquenologia. Até o presente foram registradas 11 espécies, sendo 10 espécies de Heterodermia e uma espécie de Physcia, todas foram encontradas em áreas abertas e na borda da floresta. Heterodermia possui como característica principal o córtex superior do tipo prosoplectenquimático, ao passo que Physcia apresenta o córtex superior paraplectenquimático. Outra característica importante é que em boa parte das espécies de Heterodermia não há a presença de córtex inferior, enquanto todas as espécies de Physcia apresentam córtex inferior. Foram encontrados seis novos registros para Santa Catarina, das quais cinco espécies pertencentes a Heterodermia: H. casarettiana (De Not.) Trevis., H. vulgaris Follmann & Redón, H. lutecens (Kurokawa) Follmann, H. japonica (Sato) Swinscow & Krog, H. squamulosa (Degelius) W. L. Culberson; e a espécie Physcia atrostriata Moberg. Tais espécies haviam sido registradas para os estados do Paraná e Rio Grande do Sul, ressaltando a necessidade de mais estudos sobre a diversidade de fungos liquenizados em distintos ambientes catarinenses.