4ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA - SUCST

De 23/10/2017 à 26/10/2017

Porque o espírito não tem forma, muito menos cor: o preconceito racial e a presença de não-negros na umbanda

Universidade da Região de Joinville , UNIVILLE, Joinville

Palavras-chave: Umbanda, Preconceito étnico-racial, Não-negros

Segundo os autores Rohde (2009) e Willeman e Lima (2010), o preconceito racial está aliado ao preconceito religioso, atingindo os afrodescendentes e praticantes de religiões afro-brasileiras. Esse preconceito é o mesmo que se volta contra os negros, independentemente de religião (PRANDI, 2007). A umbanda, devido ao seu sincretismo, ficou conhecida como “a religião brasileira”, contemplando as três fontes básicas do Brasil mestiço e impondo seu caráter universal e presente em todo o país. A pesquisa teve como objetivo compreender a vivência de pessoas não-negras pertencentes à doutrina umbandista. Partindo do debate acerca do preconceito racial, realizou-se uma pesquisa qualitativa, com a aplicação de questionário semiestruturado para 38 adeptos de dois terreiros (A e B) e registro de diários de campo. As idas a campo ocorreram entre os meses de agosto e setembro de 2016. A partir da análise de conteúdo dos resultados obtidos, constatou-se que o relacionamento entre os não-negros e negros é respeitoso, que os adeptos se tratam como uma família, se consideram iguais e não admitem discriminações de qualquer natureza. Destes, 77% responderam afirmativamente que percebem influências da cultura africana depois que passaram a frequentar a umbanda, tais como músicas de artistas nacionais, roupas, adereços, ervas, alimentos e o idioma yorùbá. 42,1% concordou que a cultura herdada pelo colonizadores, sobretudo alemães e italianos, interfere na umbanda em Joinville, comparado com outros municípios que não receberam essa influência. Pouco menos da metade (47,37%) afirmou que às vezes sofre preconceito religioso, sendo que o local A sofre com maior intolerância religiosa do que o local B. Concordaram que há relação entre o preconceito religioso e a origem africana da religião, 44,74% dos participantes. Destaca-se que há dificuldade dos adeptos falarem abertamente da religião com familiares, colegas de trabalho e desconhecidos. Conclui-se que, apesar da umbanda ter forte influência de aspectos afro-brasileiros e ser pautada no diverso, nela há uma alta presença de adeptos não-negros.

ISSN: 1808-1665