5ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA - SUCST

De 16/10/2018 à 19/10/2018

A Trilha da Vida - um estudo a partir da fenomenologia

Palavras-chave: Trilha da Vida, Percepção, Fenomenologia

Este trabalho é um recorte da dissertação intitulada Corpo e Memória: uma fenomenologia da percepção na Trilha da Vida que está em desenvolvimento no Mestrado em Patrimônio Cultural e Sociedade da UNIVILLE, vinculado à linha de pesquisa Patrimônio, Memória e Linguagem, ao Grupo de Estudos em Arte, Cultura e Patrimônio (GEARCUPA) e à Trilha da Vida, uma instalação de Arte&Ciência e experimento educacional criada pelo artista e educador ambiental José Matarezi, em 1999. Para este recorte textual objetivou-se discussões sobre as possíveis relações conceituais que a Trilha da Vida tem com a fenomenologia, a partir de Merleau-Ponty em sua obra Fenomenologia da Percepção (1974) e Matarezi (2017). A abordagem metodológica “Trilha da Vida: (Re)Descobrindo a Natureza com os Sentidos” foi concebida com o objetivo de se discutir ciência através de uma educação sensível, que valorizasse as dimensões subjetivas das pessoas, frente à excessiva racionalização científica. Pautada na educação estética, patrimonial e sobretudo ambiental, a abordagem metodológica sustenta o experimento educacional e instalação de Arte&Ciência Trilha da Vida. A Trilha da Vida está localizada no Espaço Rural Clarear na zona rural de Camboriú-SC, e se entende por até 8 horas de atividades, sendo uma dessas uma caminhada às cegas, sob o uso de vendas, em uma trilha pré-preparada em meio a Mata Atlântica. Então, pela investigação bibliográfica, método proposto neste trabalho, identificou-se aproximações radicais entre esses dois campos, fenomenologia e Trilha da Vida, especialmente pelo enraizamento da abordagem metodológica no campo da Educação Ambiental (EA) pelas perspectivas da EA crítica, transformadora e emancipatória. Na EA crítica, buscou-se através das práticas educativas a reflexão crítica sobre as relações existentes entre os sujeitos situados em seus contextos, e essa condição de se situar para possibilitar aprendizagens significativas, o que converge com as discussões de Merleau-Ponty (1974) sobre o ser-no-mundo, na qual atesta que a constituição do indivíduo situado se dá por intermédio de sua relação com o mundo. A EA transformadora cruza com a fenomenologia quando esta assume a indeterminação do mundo, esse pré-reflexivo e pré-objetivo, essencial em ações educativas que possibilitaram suscitar as subjetividades individuais a partir da experiência do corpo próprio, característica fundante da EA emancipatória. A Trilha da Vida e a fenomenologia têm sobretudo, um mesmo solo que valoriza um conhecimento sensível pertinente ao corpo perceptivo e fenomenal, possibilitando reflexões críticas e aprendizagens a partir de uma experiência vivida, de um ser-no-mundo.

ISSN: 1808-1665