5ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA - SUCST

De 16/10/2018 à 19/10/2018

Moluscos do sambaqui sob rocha Casa de Pedra, São Francisco do Sul/SC: mobilidade, ambiente, processos construtivo e funcional

Universidade da Região de Joinville , UNIVILLE, Joinville

Palavras-chave: malacofauna, sambaqui sob rocha Casa de Pedra, Baía da Babitonga

Desde de 2015 vem-se estudando um sambaqui peculiar localizado na Baía da Babitonga, uma região estuarina localizada no litoral sul do Brasil e caracterizada pelo grande acúmulo de sítios arqueológicos (ca. de 170 sambaquis). Este sítio arqueológico, nomeado por Sambaqui sob rocha Casa de Pedra, é considerado um dos sambaquis mais antigos da Babitonga (datado em 5.470 ± 30 anos A.P) e está entre os três sambaquis em grutas já registrados no litoral Brasileiro - uma ocorrência rara para esta cultura. Buscando entender os padrões de exploração da malacofauna pelos povos pré-coloniais e sua relação com a utilização da malacofauna nas estratégias de construção do sambaqui sob rocha, foram analisadas o material malacológico de 32 amostras de volume controlado (320 litros) provenientes destas escavações. Obteve-se, aproximadamente, 14.000 (NISP: +/- 25.000) indivíduos distribuídos em 17 espécies, ao qual destacam-se, Anomalocardia flexuosa, Ostrea sp., Phacoides pectinatus, Brachiodontes exustus, Mytella sp., Stramonita brasiliensis, Siratus sengalensis, Neritina virginea e Phrontis vibex. Foi possível verificar que o ambiente de coleta da maioria dos organismos volta-se às zonas de praias de baixa energia, ligado a áreas lagunares e estuarinas próximas à foz da baía nas quais é bem representada a espécie A. flexuosa. A presença de N. virgínea, Mytella sp. e ostreídeos remete a um ambiente praial de sedimento lodoso e B. exustus e S. brasiliensis, possivelmente, foram coletados em costões rochosos. A falta de evidências tafonômicos, como marcas de queima e quebra que caracterizem uso na alimentação de A. flexuosa, Ostrea sp e P. pectinatus remete à utilização, pelo menos em parte destas espécies, apenas como base para construção do sambaqui. Os mesmos não apresentam uma distribuição regular no sítio: áreas anexas às paredes são caracterizadas por maior predominância de ostreídeos enquanto que as demais regiões apresentam maior predominância de A. flexuosa. O maior grau de fragmentação das valvas na porção central do sítio pode remeter a maior pisoteamento – porém questiona-se se este processo pode ser resultado da ocupação destes grupos ou de agressões pós-ocupacionais ao longo de milhares de anos. Os dados apresentados neste estudo podem servir de subsídios para compreensão das atividades culturais desenvolvidas por estes grupos pretéritos.

ISSN: 1808-1665