7ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA -SUCST

De 25/11/2020 à 03/12/2020

“AS AREIAS DO IMPERADOR” NO CONTAR DE UMA PAISAGEM INVISÍVEL: A TRILOGIA DE MIA COUTO EM UMA VISÃO DECOLONIAL

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville

Palavras-chave: Mia Couto, literatura decolonial, paisagem cultural

O presente estudo dispõe como objeto de análise a trilogia literária “As areias do imperador” do escritor moçambicano Mia Couto, publicada no Brasil entre 2015 e 2018. A trilogia, construída entre fatos históricos e ficção, narra a experiência colonial do sul de Moçambique no final do século XIX. Neste contexto, a metrópole portuguesa organizou uma campanha de captura do imperador do Estado de Gaza, Ngungunhane, travando uma guerra local entre tropas lusas e o exército dos VaNguni. Estes eventos são relatados no texto literário a partir da narração de duas personagens, Imani Nsambe, uma jovem mulher de um vilarejo chamado Nkokolani e Germano de Melo, um militar português que é exilado em Moçambique após ter participado da Revolta de 31 de janeiro de 1891, um movimento de ideais republicanos. A trilogia integra um diverso campo literário moçambicano, que possui em Mia Couto, um dos nomes mais recorrentes na articulação entre texto literário e representações das paisagens moçambicanas. Portanto, o objetivo desta investigação concentra-se em analisar as representações da paisagem nesta trilogia na perspectiva do patrimônio ambiental e da decolonialidade. Desse modo, o estudo busca compreender como a narrativa escrita por Mia Couto integra um pensamento decolonial a partir do enfoque nas paisagens invisíveis e na relação com a cultura viva de Moçambique. A investigação é subsidiada por três aportes metodológicos principais, sendo eles a Análise do Discurso, compreendendo o texto literário em duas naturezas principais, propriamente a do enredo e dos elementos que o compõe e uma segunda natureza, que se encontra instalada no texto enquanto discurso. Esta análise é norteada pela identificação, no texto literário, de marcadores da colonialidade e da decolonialidade, ou seja, indicações que expressam cada um destes conceitos a partir de elementos raciais, de gênero, religiosidades, memórias e determinações ecossociais. A investigação mobiliza também uma pesquisa bibliográfica que visa a construção de repertório teórico acerca do pensamento decolonial e do patrimônio ambiental. Por fim, atenta-se para a realização de uma entrevista com o escritor Mia Couto, a partir da metodologia da História oral. No transcurso da investigação, em andamento, demonstrou-se a potencialidade da aproximação entre literatura, história e patrimônio ambiental para a construção de narrativas e para a caracterização de outros modos de compreensão da paisagem.

Apoio / Parcerias: Capes

ISSN: 1808-1665