7ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA -SUCST

De 25/11/2020 à 03/12/2020

A questão agrária nos Cadernos do Povo Brasileiro (1962-1964)

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville, Brasil

Palavras-chave: História agrária, Cadernos do Povo Brasileiro, Intelectuais

A questão agrária configura-se como um profundo problema social, político e econômico da história brasileira. No presente, a concentração de terras permanece sendo responsável pela miséria nas áreas rurais do país. Essa problemática é o interesse desta pesquisa. A partir disso, focou-se nas lutas camponesas no pré-1964, que efervesciam em todo o Brasil. Dessa forma, obtivemos como principais fontes publicações dos Cadernos do Povo Brasileiro (1962-1964), do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, com o objetivo de compreender a situação agrária, além de quais perspectivas os autores desta coleção possuíam para solucionar este problema. Para realizar esse trabalho de abordagem às obras Que são as Ligas Camponesas?, de Francisco Julião (1962) e O que é a reforma agrária?, de Paulo Schilling (1963), foram utilizadas três metodologias mobilizadas pela História: a História Econômica (João FRAGOSO e Manolo FLORENTINO, 2011, p. 25-40), a História Social (Hebe CASTRO, 2011, p. 41-54) e a História Agrária (Maria LINHARES, 2011, p. 155-173), respectivamente. Em conjunto com a leitura das obras foi feita uma ampla revisão bibliográfica sobre as poucas produções acerca destas fontes, fundamentado nestas perspectivas metodológicas. Nas fontes, compreendeu-se que esse contexto apresentou repletos debates que circulavam entre os projetos nacionalistas, desenvolvimentistas, reformistas e revolucionários com aspirações para a economia e política a partir da industrialização do país, inclusive referente à questão agrária. De acordo com o Anuário Estatístico Brasileiro, do IBGE, a população nacional em 1964 era de 79,8 milhões de pessoas, mas deste total, 33 milhões de pessoas viviam na zona rural do país. Justamente devido a concentração de terras e áreas improdutivas, a produção agrícola não atendia de maneira satisfatória o mercado interno. Além disso, Julião aponta como fator igualmente alarmante o índice de 97% de analfabetos no campesinato brasileiro, especialmente no nordeste (JULIÃO, CPB-1, p. 34, 1962). É neste quesito que os Cadernos obtiveram sua enorme relevância de expressão popular e pedagógica, onde em praças, locais de trabalho, estudo e lazer, os militantes liam ao público – os trabalhadores – sobre os temas presentes em cada edição, que circulava de mão em mão por todo o país. Quanto aos cadernistas, Julião possuía uma saída revolucionária e socialista para a miséria, enquanto Schilling uma saída reformista e capitalista para o campo. Dessarte, nota-se a importância crucial dessa coleção para história brasileira, pois significou a atuação direta de intelectuais orgânicos na sociedade.

Apoio / Parcerias: CNPQ

ISSN: 1808-1665