7ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA -SUCST

De 25/11/2020 à 03/12/2020

O retrocesso das políticas voltadas à igualdade de gênero na educação infantil com a atual agenda conservadora do Estado brasileiro

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville

Palavras-chave: Politicas Públicas para educação infantil, Conservadorismo, Igualdade de gênero

O campo educacional se mostra como intenso campo de disputas ideológicas, servindo os currículos de instrumentos importantes para a difusão do projeto de sociedade que se almeja, vez que os discursos neles contidos farão parte significativa do processo de subjetivação de estudantes. Assim, este trabalho tem como objetivo investigar os impactos que políticas mais conservadoras causam na (des)igualdade de gênero, a partir das diretrizes nacionais voltadas à educação infantil, tomando por base os documentos RCNEI, PNE e BNCC, compondo parte das investigações realizadas em dissertação em andamento desta mestranda e bolsista PIC com dedicação parcial, estando vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade da Região de Joinville – SC e ao Grupo e linha de estudos em Políticas e Práticas para Educação e Infância – GPEI. A metodologia utilizada é a pesquisa documental, com suporte bibliográfico, de cunho qualitativo com base na análise relacional de Michael Apple. Pela sua própria natureza e por estar em andamento, não há resultados concretos, entretanto, a partir da análise das diretrizes para educação infantil nos documentos mencionados, já fica evidente a sua elaboração dentro de um contexto político-histórico e sócio-econômico, que demonstra os esforços da recente onda conservadora que ganha força na política brasileira, em utilizar-se dos currículos educacionais para imprimir seu projeto hegemônico de sociedade. Compreendendo o assunto pelas lentes do materialismo histórico-dialético e, entendendo a educação formal como parte da aparelhagem estatal, percebe-se que essas são disputas pela dominação ideológica dos espaços públicos de poder, o que indica que a retirada de terminologias como gênero e orientação sexual da BNCC, por exemplo, é algo muito mais complexo do que a simples retirada de uma pauta de discussão, mas traduz essa disputa sobre o projeto político societário e a própria função da escola. Assim, a função da educação infantil nesse contexto conservador, acaba por reduzir-se a uma etapa preparatória ao ensino fundamental, repercutindo em retrocessos na compreensão desse período como espaço coletivo, plural, de vivência múltiplas, onde há o desenvolvimento da sociabilidade concomitante à forma de compreender-se no mundo individual e coletivamente para além de um padrão hegemônico dominante, em um contexto escolar que deveria ser visto como espaço público e democrático em direitos e não em moralismos e/ou escolhas de mercado.

ISSN: 1808-1665