7ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA -SUCST

De 25/11/2020 à 03/12/2020

A UNESCO e a governança do patrimônio: os debates a respeito do valor de autenticidade e da categoria de paisagem cultural na década de 1990

Universidade da Região de Joinville, UNIVILLE, Joinville

Palavras-chave: Patrimônio cultural, UNESCO, Paisagem cultural

Vinculada ao projeto “Pelos Bastidores da UNESCO: Estratégias para uma Governança Contemporânea do Patrimônio Mundial (1990-2020)”, esta pesquisa de iniciação científica tem como objetivo investigar os debates que ocorreram na UNESCO, durante a década de 1990, que provocaram mudanças na interpretação da Convenção da UNESCO para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural de 1972. Em termos metodológicos, a pesquisa procede à revisão bibliográfica a respeito do conceito de governança em rede do patrimônio mundial (Lynn Meskell, Herb Stovel e Chiara Bortolotto), assim como à análise de fontes primárias produzidas no âmbito da UNESCO. A categoria da paisagem cultural se consolidou na UNESCO durante os anos 1990, sobretudo em torno de novas concepções acerca dos critérios de autenticidade e integridade de patrimônio reconhecidos pela UNESCO; alterações estas que tinham como um dos principais objetivos tornar a Lista do Patrimônio Mundial supostamente mais representativa e geograficamente mais equilibrada. As discussões foram protagonizadas por diversos atores, tais como peritos do patrimônio cultural e natural, ONGs, membros do Comitê do Patrimônio Mundial, Fundações, Instituições públicas e privadas, num momento em que a governança em rede do patrimônio mundial passava por profundas reconfigurações. Foi nessa mesma década, sobretudo a partir de 1992, que nasceu o Centro de Patrimônio Mundial da UNESCO, um dos protagonistas mais relevantes, responsável por coordenar os esforços para as mudanças técnicas, administrativas e procedimentais da Convenção. Apesar de tentar transparecer neutralidade e caráter técnico nos processos decisórios, o Comitê do Patrimônio Mundial nunca deixou de ser uma arena política entre seus Estados-Membros. Isto foi visto, principalmente, nas recomendações feitas pelos Estados Unidos e Canadá em uma reunião de experts em Washington, 1992. O documento demonstrava uma série de tensionamentos que não emergem nas fontes produzidas nas sessões do Comitê e do Bureau do Patrimônio Mundial. As profundas alterações dos anos 1990 na governança em rede do patrimônio mundial, inclusive a categoria de paisagem cultural e os critérios de autenticidade e integridade, emergiram em meio a esses embates políticos, em que alguns Estados buscavam exercer seu poder na UNESCO por meio de estratégias de soft power.

Apoio / Parcerias: Fundo de Apoio à Pesquisa (FAP).

ISSN: 1808-1665