7ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA -SUCST

De 25/11/2020 à 03/12/2020

Salvio Daré: tensões entre arte contemporânea, legitimação e patrimônio cultural

Univille, Univille, Joinville

Palavras-chave: Salvio Daré, Arte, Santa Catarina

Esta escrita tem como objetivo problematizar a trajetória e a produção artística de Salvio Daré (1963-1996) a partir dos tensionamentos entre arte contemporânea, legitimação e patrimônio cultural. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, bibliográfica e exploratória, vinculada a dissertação intitulada “A Arte Contemporânea do Extremo Sul Catarinense: poética, movimentação e desafios patrimoniais”, desenvolvida pelo mestrando Mikael Miziescki no Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade da UNIVILLE, sob orientação da professora Doutora Nadja de Carvalho Lamas e coorientação do professor Doutor Fernando Cesar Sossai. Natural de Jacinto Machado/SC, ao longo dos seus 33 anos de idade e dez de carreira, Daré despontou como uma das maiores promessas da pintura latino-americana entre as décadas de 1980 e 1990 no Brasil. Suas produções foram analisadas por importantes críticos de arte, como Fernando Cocchiarale (1989 e 1991), Paulo Herkenhoff (1991), Lorenzo Mammì (1994 e 1998) e Lígia Canongia (1989). Expôs em museus e galerias de renome, a citar como exemplo MAM-RJ, MASP, MAM-SP e Galeria Saramenha, bem como despertou o interesse de marchands e colecionadores, como Marcantônio Vilaça, Gilberto Chateaubriand e João Sattamini. Sua trajetória foi bruscamente interrompida pela AIDS, deixando mais de 600 produções em madeira, lona e papel - que estão hoje sob os cuidados da família Daré no interior de Santa Catarina. Em 2006, dez anos após sua morte, Salvio foi homenageado em uma exposição no 9º Salão Nacional Victor Meirelles, no Museu de Arte de Santa Catarina em Florianópolis/SC. Infelizmente, desde então, não foram mais promovidas exposições individuais do artista. Em sua cidade natal, pouquíssimas pessoas lembram do artista e/ou conhecem sua obra atualmente. Algo similar acontece com museus, instituições de cultura e universidades catarinenses. Diante disso, é inevitável os seguintes questionamentos: por que um artista antes legitimado, hoje é silenciado/esquecido? Se as produções de Daré fossem patrimonializadas, estariam protegidas e ainda garantiriam legitimação? A legitimação afirma potencialidade patrimonial? A produção artística contemporânea perde seu potencial se tornando patrimônio cultural? São questões que se fundam a partir dos conceitos de artificação e desartificação de Nathalie Heinich (2013 e 2014), de materialidade e imaterialidade de Jorge Coli (2012) e da condição do artista na contemporaneidade de Nicolas Bourriaud (2003). À vista disso, a proposta não é buscar respostas ou verdades absolutas a estes questionamentos, mas sim refleti-los e elevá-los ao contexto da dúvida, da não romantização do patrimônio cultural e da arte e seus processos de legitimação.

ISSN: 1808-1665