As bactérias Bacillus Thuringiensis var. israelensis (Bti), utilizadas no controle biológico de várias espécies de mosquitos, vem sendo empregados na sua formulação comercial líquida na região de Joinville para controlar os mosquitos do gênero Simulidium Pertinax (borrachudos). A produção de Bti tem sido feita quase que exclusivamente em cultivo submerso por processo descontínuo utilizando basicamente a glicose como fonte de carbono e compostos naturais ou resíduos agroindustriais como fontes de proteínas e vitaminas. No entanto, esse tipo de composição conduz à formação de uma grande quantidade de sólidos suspensos no meio o que tem dificultado o estudo desse processo em laboratório, principalmente quando se pretende estudar a cinética do processo. Com o objetivo de eliminar esse problema, provocado principalmente pelo farelo de soja que compõe o meio de cultivo empregado, foram realizados dois tipos de tratamento térmico desse componente com a avaliação do seu efeito sobre a produção final de esporos. O primeiro ensaio (E₁) constitui-se na hidrólise ácida com H₂SO₄ 0,5% m/m (pH 3) a 90ºC durante 1 hora e o segundo ensaio (E₂), na hidrólise ácida também com 0,5% m/m de ácido sulfúrico concentrado, a 121ºC durante 15minutos. Após a hidrólise o nutriente foi filtrado e adicionado ao restante dos componentes do meio para esterilização a 121ºC por 20 minutos. Os ensaios de fermentação foram conduzidos em biorreator Biostat B da Braun com volume de trabalho de 1,5 L, 30 °C, pH 7,0 e freqüência de agitação de 450 min^-1. Periodicamente foram retiradas amostras para a determinação da concentração de glicose e no final do cultivo, após 28 horas de ensaio, foi quantificada a produção de esporos, expresso em termos de Unidades Formadoras de Colônias por mililitro de meio de cultivo (UFC/mL). Em ambos os ensaios toda a glicose foi consumida demonstrando que não houve limitação do processo com o novo procedimento adotado (hidrólise do farelo de soja). No ensaio E₁ a concentração final de esporos foi de 5,2x10⁸ UFC/mL e no ensaio E₂ foi de 12,4x10⁸ UFC/mL. A concentração de esporos em E₂ foi 58% maior que em E₁. Essas concentrações foram superiores aos valores obtidos por Passos (2000) que utilizou mesmo tipo de meio, porém sem hidrólise do farelo de soja, mostrando assim a potencialidade desse tipo de pré-tratamento no incremento da produção.