Como a maioria dos processos naturais de fermentação, a biodigestão anaeróbia com formação de gás metano depende muito mais dos mecanismos regulares intrínsecos que de controles externos. O sucesso na biodigestão de resíduos depende do desempenho das diversas espécies bacterianas envolvidas no processo e essas, por sua vez, dependem das condições físicas e químicas do meio em que se desenvolvem. Quando a digestão anaeróbia é realizada em biodigestores especialmente planejados, a mistura gasosa produzida pode ser usada como combustível, o qual, além de seu alto poder calorífico, de não produzir gases tóxicos durante a queima e de ser uma ótima alternativa para o aproveitamento de resíduos orgânicos, ainda deixa como subproduto um lodo que é um excelente biofertilizante. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de determinar a formação de gás metano a partir da digestão anaeróbia de resíduos agroindustriais gerados na industrialização da banana (cascas de banana, pseudocaule e folhas da bananeira) numa empresa da região de Joinville. O estudo foi realizado em biodigestor SF-116 New Brunswick empregando o processo contínuo de fermentação. O volume de trabalho foi de 5 litros, a temperatura de 30 °C e o pH de 7,2. Como composição iniciadora do processo foi empregada uma mistura composta por 2L de suspensão microbiana proveniente de lixiviação de compostagem, 2L de suspensão da lagoa de Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) de Joinville e 1L de suspensão em meio contendo melaço (produto comercial empregado pela ETE). Periodicamente foram retiradas amostras para as determinações das variáveis Demanada Química de Oxigenio (DQO), sólidos totais (ST), sólidos voláteis (SV) e volume de biogás produzido. Após sete dias de fermentação foi constatada a estabilização do sistema e foi então iniciada a alimentação do biodigestor. Diferentes vazões e diferentes composições de meio de alimentação, todas com 20 g ST/L, foram testadas durante três meses de processo contínuo. Os valores de ST e SV variaram dentro da faixa de 30-60 g/L e 5-20 g/L, respectivamente. Os melhores resultados observados até o momento em termos da produção volumétrica de biogás (1,0±0,4 NL/dia) foram obtidos quando a casca de banana previamente hidrolizada com H₂SO₄ 1% m/m a 120°C/15min na vazão de 20 mL/dia (~100 mg DQO/L.dia) foi empregada como único resíduo na alimentação. O estudo de metanização de todos os resíduos está ainda em desenvolvimento buscando-se maximizar a produção de biogás e minimizar a DQO no efluente gerado.