Os polihidroxialcanoatos (PHAs) constituem um grupo de poliésteres acumulados na forma de grânulos, por várias bactérias, como material de reserva de carbono e energia. Estão sendo utilizados na indústria em escala crescente, devido à sua rápida degradação, destacando-se entre eles o poli(3-hidroxibutirato) (P(3HB). Considerando-se que os custos para produção de polímeros biodegradáveis ainda são elevados quando comparados aos de origem petroquímica, muitos pesquisadores têm estudado o uso de fontes de carbono de baixo custo para uma produção eficiente de PHAs. O cultivo de bactérias utilizando óleos vegetais ou ácidos graxos como única fonte de carbono tem alguns inconvenientes, tais como os baixos valores de velocidade específica de crescimento dessas bactérias. Buscando minimizar esses problemas, alguns pesquisadores associaram o uso de fontes de carbono de baixo custo com a adição de óleos vegetais ou ácidos graxos. O biodiesel é definido, quimicamente, como éster de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de fontes de lipídios renováveis, obtido por transesterificação, neste caso com metanol, onde a glicerina é separada da gordura ou do óleo vegetal. O processo gera dois produtos: um éster (biodiesel) e glicerina. Continuando a busca por suplementos nutricionais que pudessem aumentar a produção de P(3HB), este trabalho estudou a adição de biodiesel de arroz transesterificado com metanol com 5 diferentes tipos de tratamento, sobre a fase de crescimento do Cupriavidus necator (DSM 545), sendo eles: Refinado + metanol + DBTDL (1), Bruto + metanol + DBTDL (2), Deganado + metanol + DBTDL (3), Bruto filtrado + metanol (4) + DBTDL, Deganado filtrado + metanol + DBTDL (5). Os cultivos foram realizados em duplicata mais um controle, em frascos aletados de erlenmeyer (500mL), contendo 150mL de meio mineral, tendo como fonte primária de carbono açúcar invertido (30g.L^-1), como suplemento nutricional biodiesel de arroz (30g.L^-1) e como fonte limitada de nitrogênio sulfato de amônia (2,3g.L^-1). Os frascos foram mantidos a 30°C sob agitação de 150 min^-1 durante 24h. Amostras foram retiradas a cada 4h para acompanhamento do crescimento celular (turbidimetria), do consumo de substrato (técnica do ácido 3,5-dinitrosalicílico - DNS) e dosagem de P(3HB) (cromatografia gasosa). Os resultados mostraram que nas condições onde o biodiesel foi adicionado o substrato não foi totalmente consumido, restando cerca de 50% da concentração inicial. No entanto o crescimento celular foi reduzido em apenas 20%. Quanto à produção de P(3HB), a adição de biodiesel levou a uma diminuição de cerca de 17% comparado com o meio controle.