A pesquisa “O papel da família na escolarização de crianças negras com deficiência: uma revisão da literatura” teve como objetivo geral realizar um mapeamento bibliográfico sobre como a literatura existente compreende a relação entre famílias de crianças negras com deficiência e escola. O tema foi escolhido a partir do entendimento de que é necessário abarcar de maneira interseccional as identidades sociais da criança e seu efeito sobre a esfera familiar, a fim de promover reflexões e articulações sobre o processo de escolarização que contemplem a complexidade das relações sociais, além de contribuir para o desenvolvimento histórico e científico da sociedade. A pesquisa é vinculada ao projeto “Trabalho e formação docente, Educação Especial e processos de escolarização: desafios, perspectivas e possibilidades - I” (TRAEPE I) e foi produzida com base na dissertação “Vivências do processo de escolarização de estudantes negros com deficiência e suas famílias”, elaborada pela aluna de mestrado Anne Carolina da Silva. O delineamento metodológico empregado nesta pesquisa se deu em torno de um estudo de caráter qualitativo. Aliado a isso, o método de pesquisa utilizado foi o bibliográfico, com o auxílio das ferramentas online Scielo e BDTD para o levantamento documental, sendo a análise realizada a partir de fichamentos dos dez estudos encontrados, dos quais oito focam em criança com deficiência e apenas dois em criança negra. Averiguou-se primeiramente a falta de pesquisas de caráter interseccional no campo da Educação Especial, assim como uma quantidade expressivamente menor de trabalhos sobre criança negra e família. Explicitou-se também que a mãe é a figura familiar mais responsabilizada pela interação com a escola e pela educação dos filhos de forma geral. Através da análise, foi possível concluir que a relação família-escola é considerada de suma importância nas pesquisas, facilitando a interação com a criança e a superação de preconceitos tanto dos pais quanto professores, mas que na realidade ainda se dá de forma limitada, orientada por métodos tradicionais e por vezes tendo um caráter de cobrança ao invés de apoio. Como elucidado no levantamento, é imperativo que a formação docente prepare os profissionais da educação para lidar com as identidades múltiplas dos alunos e suas famílias, a fim de facilitar a escolarização e torná-la crítica, capaz de assumir lugar ativo na construção de uma sociedade mais diversa e democrática. Concomitantemente, a família deve mostrar-se presente e exigir que os direitos das crianças sejam plenamente garantidos