8ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA

De 19/10/2021 à 21/10/2021

Registros do feminino no Brasil do século XIX pelo olhar de Jean-Baptiste Debret

Palavras-chave: História das Mulheres, Jean-Baptiste Debret, Brasil oitocentista

O artista francês Jean Baptiste Debret foi um dos integrantes selecionados para a chamada “Missão Francesa”. Com o exílio de Napoleão na ilha de Santa Helena, em 1815, a volta dos Bourbons, os artistas da corte francesa se veem à mercê da própria sorte (TUTUI, 2015, p.3). Nesse mesmo ano o Brasil torna-se parte do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves, tendo o Rio de Janeiro como capital e sede da Coroa. Foi nesse contexto que D.João VI, ouvindo sugestão de seus conselheiros, contratou um grupo de artistas franceses, com a intenção de fundar uma academia de belas artes em seu Reino (TREVISAN, 2011, p.197). Debret produziu, entre 1816 e 1831, uma extensa coleção de imagens sobre o Brasil nos primeiros anos do século XIX. Por meio de suas representações pictóricas e anotações, podemos discutir os modos de vida no Brasil, em especial na cidade do Rio de Janeiro. As imagens e os textos feitos por Debret retratando os diferentes espaços femininos permitem discutir o apagamento e aclarar aspectos ainda pouco discutidos sobre o papel das mulheres no século XIX. O percurso metodológico perpassa por uma pesquisa bibliográfica e documental em artigos, produções acadêmicas e levantamentos históricos acerca da obra de Jean-Baptiste Debret. Ademais, o projeto possui como objetivo analisar as aquarelas e os escritos presentes no livro “Voyage Pittoresque et Historique au Brésil”, publicado na França entre 1834 e 1839. O artista registra em suas anotações que após a travessia de dois meses, percorrendo pela primeira vez as ruas do Rio de Janeiro, os franceses sentiram-se estranhamente impressionados em não verem as senhoras, nem nos balcões nem nos passeios, tendo as visto somente no dia nas igrejas. Quando observamos o cotidiano das mulheres em oposição ao que ocorre nas memórias dos homens, percebe-se a transmissão do poder masculino e do controle das mulheres pelo apagamento das suas vidas. Em relação às mulheres “Porque são pouco vistas, pouco se fala delas.” (PERROT, 2007, p.17). A pesquisa levantou as principais iconografias feitas por Debret que abarcam os espaços femininos. Enfim, podemos concluir que as representações femininas feitas por Jean-Baptiste Debret ao serem discutidas pelo olhar da História das mulheres possibilitam uma reflexão crítica sobre os espaços femininos e o seu apagamento na história.

Apoio / Parcerias: Art. 170

ISSN: 1808-1665