8ª SEMANA UNIVILLE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA

De 19/10/2021 à 21/10/2021

As lápides e os escandinavos: o cemitério do imigrante como local de memória

Palavras-chave: Joinville, cemitério, escandinavos

Esta pesquisa financiada pelo CNPq, foi desenvolvida por mim, Rebeka Hilda Rodrigues, formanda de História, sob orientação da profª Dione da Rocha Bandeira, coordenadora do Laboratório de Arqueologia e Patrimônio Arqueológico da Univille com coorientação de Roberta Barros Meira Maria Cristina Alves. O objetivo geral da pesquisa era investigar as lápides do Cemitério do Imigrante de Joinville e a imigração escandinava para o Brasil, que ocorreu entre 1851 e 1881, e problematizar o cemitério como um local de memória que se contrapõe ao silenciamento presente na história oficial de Joinville. Para isso, formei uma tabela com os nomes dos imigrantes escandinavos que migraram no período de 1851 a 1881, utilizando os dois volumes do livro “Joinville - os pioneiros”, publicados por Maria Theresa Böbel e Raquel S. Thiago. Com esses dados separados, incluí também quais foram sepultados em Jlle, através do registro de óbitos obtidos no projeto financiado pela FAPESC “Cemitério do Imigrante: pesquisa, interdisciplinaridade e preservação”, coordenado por Arselle de Andrade Fontoura. Por fim, utilizei a lista de sepultamentos do Cemitério do Imigrante de Jlle, organizado por Dilney Cunha, para identificar quais imigrantes escandinavos foram enterrados lá. Ao final da pesquisa, foi possível ser encontrado apenas um sepultamento em pé no Cemitério do Imigrante, da dinamarquesa Johanna Brockmann. Não descarto a possibilidade de haver sepulturas soterradas no Cemitério do Imigrante e destas poderem pertencer à imigrantes escandinavos, também não descarto a possibilidade de que as lápides não identificadas por Cunha, mas que estão de pé, também possam pertencer a imigrantes escandinavos. E, é claro, há registrado sepultamentos em cemitérios no interior de Joinville. A emigração desses grupos escandinavos me parece ter sido muito forte, junto de casamentos com grupos germânicos. Com isso quero dizer que é possível que os imigrantes escandinavos não tenham permanecido em Joinville por muito tempo, podendo ter emigrado para outras colônias da região em busca de emprego, por exemplo. Há, ainda, os casos dos noruegueses, em que Woortmann traz a perspectiva de eles serem apenas considerados parte de um “mito de origem multicultural” da cidade ou, então, tenham se tornado parte da comunidade teuto-brasileira - aí entrando os casamentos. Vejo que os imigrantes dinamarqueses também se encaixam nessas perspectivas considerando que ser juridicamente dinamarquês no século XIX não garante ser etnicamente dinamarquês - ainda mais quando entendemos que tanto Schleswig quanto Holstein eram povoados por ambos alemães étnicos e dinamarqueses étnicos.

ISSN: 1808-1665