9ª SEMANA UNIVILLE DE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA - SUCST

De 18/10/2022 à 20/10/2022

A história de duas mulheres negras nos séculos XVII e XIX: o olhar de Albert Eckhout e Jean-Baptiste Debret

Palavras-chave: Albert Eckhout , Jean-Baptiste Debret, paisagens femininas

Albert Eckhout permaneceu no Brasil por sete anos (1637-1644) durante o período do Brasil holandês, desenvolvendo forte atividade como documentarista da fauna e flora, e registrando a cultura e fisionomia dos indivíduos que habitavam a região. A fase de destaque da carreira de Eckhout é justamente o período de estadia no Brasil. Por outro lado, nas primeiras décadas do século XIX, o Brasil recebe novos artistas, sendo um dos exemplos mais expressivos a “Missão Artística Francesa”. Sendo assim, Jean- Baptiste Debret desembarcou no Brasil no dia 25 de março de 1816, trazendo as experiências e ideias do contexto que vivenciou na Revolução Francesa e os estranhamentos em relação ao trabalho escravo. A pesquisa é qualitativa e discute pelo viés da análise iconográfica (KOSSOY, 2014) a história das mulheres e a história da escravidão (DEL PRIORE, 1997; MATOS, 2003; PINSKY e PEDRO, 2012; SCHWARCZ e STARLING, 2015; TUTUI, 2015). O levantamento dos dados da pesquisa foi realizado nos arquivos virtuais, como o Arquivo Nacional, a Biblioteca Nacional, e outros arquivos históricos que possuem seu acervo digitalizado. O objetivo foi analisar a história das mulheres negras escravizadas no Brasil e os impactos econômicos e culturais da presença das populações africanas no Brasil através das iconografias feitas por Albert Eckhout e Jean-Baptiste Debret. Buscamos discutir com mais profundidade duas obras: A Mulher Africana (1641) de Albert Eckhout, que retrata a presença da cultura africana no Brasil através do uso de adornos tais como chapéu e miçangas africanas, entre outros, tudo acompanhado de uma paisagem exuberante e ao mesmo tempo exótica dos trópicos, principalmente as folhagens diferenciadas ali presentes. Ademais, discutimos a pintura Negra tatuada vendendo caju (1827), de Jean-Baptiste Debret. A vendedora de caju destaca a melancolia, a saudade da África e a violência da escravidão que atingiu tanto as mulheres negras livres como as escravizadas. Nesse sentido, a pesquisa discutiu temas trabalhados pela historiografia, mas que ainda apresentam questões sombreadas. Tentamos explicar a utilização da mão-de-obra escravizada feminina nos espaços rurais e urbanos e as estratégias de resistência de que lançaram mão em diferentes contextos. As mulheres negras escravizadas trouxeram consigo os saberes e a cultura africana, ocupando lugar privilegiado no olhar dos pintores europeus. Mais do que exotismo, percebe-se a marca das lutas femininas que atravessaram os dois lados do atlântico e quatro séculos de escravidão.

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ISSN: 1808-1665