9ª SEMANA UNIVILLE DE DE CIÊNCIA, SOCIEDADE E TECNOLOGIA - SUCST

De 18/10/2022 à 20/10/2022

LOUÇA DE BARRO, CULTURA, COMIDA E MEMÓRIA: A MATERIALIDADE COMO DOCUMENTO HISTÓRICO

Palavras-chave: Louças em Barro, Guilherme Tiburtius, Alimentação

Noutros tempos, terra, água, fogo e sentidos deram forma a inúmeras louças feitas em barro entrelaçando saberes e fazeres às necessidades cotidianas de objetos e utensílios domésticos a serem usados na preparação de comidas, melhorando o sabor e textura dos alimentos. Com o decorrer do tempo, alguns objetos têm sua utilidade primária/utilitária transformada e expressam outros valores simbólicos e passam a habitar coleções de museus. Desta forma, configuram-se em um objeto documental/informacional que reverbera memória e práticas sociais de diferentes grupos que viveram no passado. Essa comunicação faz referência a estudos que estão sendo realizados em um conjunto de cerâmicas históricas reunidas pelo colecionador e pesquisador Guilherme Tiburtius, no início dos anos de 1.940, no entorno de Curitiba-PR, Primeiro Planalto Paranaense. Em específico, tratam do conjunto de cerâmicas reunidas no município de Araucária-PR e, em parte, discute-se o potencial informativo dessas louças na compreensão dos hábitos alimentares das comunidades tradicionais/históricas que as teceram e usaram. Na análise busca-se identificar, por meio da morfologia e do estilo das peças, seus possíveis usos na preparação das comidas da época. O estudo integra a pesquisa/tese interdisciplinar vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade e Laboratório de Arqueologia e Patrimônio Arqueológico/LAPArq, da Universidade da Região de Joinville e a metodologia faz uso de revisões bibliográficas e documentais, dados etno-históricos e análises laboratoriais do conjunto Araucária coletado por Tiburtius, atualmente sob guarda do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville. Outro objetivo do trabalho é falar dos objetos musealizados e da potência desses acervos para a pesquisa científica, bem como, discutir e, quem sabe, compreender melhor os usos e hábitos sociais destinados a essas louças. Os resultados indicam que a coleção de Araucária soma, ao todo, 175 vasilhames sendo eles vasos, com e sem alças, potes de diversos tamanhos, tigelas, torradores, panelas, pratos, jarros, cuscuzeiros entre outros objetos. As características destes vasilhames sugerem que sejam produções domésticas em contextos locais/regionais, elaboradas por comunidades pós-coloniais que viveram no estado do Paraná, com influxos europeus, indígenas e africanos, posteriores ao século XVI, conforme discussões prévias de diferentes pesquisadores. As peças apresentam marcas de ação mecânica como laminações, fissuras e rachaduras, bem como alterações físico-químicas, como fuligem, carbonização e craquelê nas faces internas e externas resultantes do uso doméstico e na preparação de alimentos.

Apoio / Parcerias: Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville Capes

ISSN: 1808-1665