Esta investigação tem como objetivo principal analisar os sentidos que o enunciado negacionismo – atribuído ao presidente Jair Bolsonaro e ao seu governo no período da pandemia da Covid-19 – adquire nos artigos científicos publicados em revistas indexadas nas plataformas SciELO e DOAJ. A pesquisa foi desenvolvida a partir de um projeto iniciado em 2020, quando, na ocasião, a análise se voltou aos discursos do presidente Jair Bolsonaro nas suas lives, sempre, as quintas-feiras. O recorte, nesse início, foram as falas do presidente sobre a pandemia, as minorias, e a imprensa. Nessa etapa, a pesquisa resultou em um artigo científico que analisou os discursos nas lives a partir do conceito de racismo de Estado (FOUCAULT, 2008) e necropolítica (MBEMBE, 2018). Mas um novo problema de pesquisa, surgiu: Como pesquisadores de áreas de conhecimento diferentes têm investigado e qualificado as ações do presidente e do governo atual frente à pandemia? Para isso, iniciamos a segunda fase da pesquisa, voltada à construção de um breve estado da arte a partir de artigos em que os enunciados “Bolsonaro”, “governo” e “pandemia” aparecem no título, resumo ou palavras-chave. Para isso, foram selecionadas duas plataformas de indexação de periódicos científicos – SciELO e DOAJ. Os indexadores são ferramentas que contribuem para elevar a qualificação dos periódicos científicos que passam pela avaliação do Qualis Capes. Demarcado o objeto, o recorte e o caminho para mapear os periódicos, o próximo passo foi de criar um instrumento de classificação e quantificação dos dados. Foi desenvolvida uma planilha de classificação dos artigos com destaque para a área da revista e identificação dos autor(es). Na planilha consta: Plataforma (SciELO ou DOAJ); Revista; País; Área; Título; Autor/a/es/as; Resumo; Palavras-chave. Foram 95 artigos publicados em periódicos científicos indexados na SciELO e 73 artigos no DOAJ. Entre os primeiros resultados na análise do instrumento de pesquisa, o destaque para quatro áreas com maior incidência dos enunciados nas revistas científicas: Ciência Humanas, 82; Ciências Sociais Aplicadas, 44; Ciências da Saúde, 18; e Linguística, Letras e Artes, 17. No conjunto temos 314 autores. O adjetivo que com mais ocorrência para adjetivar e conceituar o governo atual e o presidente foi negacionismo – e suas variações. Este dado quantitativo encaminha a investigação para sua próxima etapa, a análise qualitativa dos dados levantados e que resultará em um artigo científico, que já está em andamento.