O início do século vinte na bucólica Joinville parecia prenunciar o que estava por vir durante o século nascente, e que a transformaria na “Manchester catarinense”, de tantas cores e caras. O cenário político era efervescente, a economia crescente, catástrofes naturais, a energia elétrica, e a inclusão de Joinville na malha ferroviária faziam parte do início do século que nas palavras de Plácido Olimpio de Oliveira prenunciava “uma era de prosperidade e empreendimentos úteis à coletividade” (OLIVEIRA, 1951). A construção da estrada de ferro, entre estes avanços, trouxera progresso, mortes, revoltas e charme à região. A estrada de ferro cortando Joinville serviu como comunicação econômica e social, servindo também à política joinvilense. Foi um marco neste início de século. A população compreendia a estrada de ferro e a Estação Joinville como algo que traria progresso, pelo que se pode perceber nas palavras de Carlos Ficker (1965): “Em Joinville, pois, pela primeira vez, ecoou o silvo estridente da locomotiva, como um mensageiro que traz aos seus habitantes um porvir risonho na senda do progresso”. Este projeto, vinculado ao Grupo de Pesquisa em História Regional, está sendo desenvolvido para compreender quais são as representações sociais que os diferentes grupos de joinvilenses têm sobre a Estação Joinville no século XXI e qual a funcionalidade que esse patrimônio histórico pode ter para a Joinville contemporânea, na opinião dos entrevistados. Esta pesquisa buscará contribuir numa melhor compreensão desta Joinville tão híbrida, que a classe econômica dominante ainda procura, com base nos seus interesses, afirmar como germânica. Tem como objetivos específicos: enunciar os conceitos de identidade, patrimônio histórico, memória, representações sociais e história oral; revisar a historiografia da cidade, especificamente no período de 1906 a 2007; identificar o discurso do Jornal A Notícia sobre a Estação Joinville no período de 1997 a 2007; identificar as representações sociais da população em relação à Estação Joinville e verificar as transformações dessas identificações no decorrer do processo histórico. Através da revisão bibliográfica, pesquisa no acervo do Arquivo Histórico de Joinville, aplicação dos formulários e realização de entrevistas orais, o projeto, ainda em desenvolvimento, analisará os dados coletados de forma a oferecer à comunidade acadêmica e à cidade um parecer a respeito da Estação Ferroviária de Joinville que no início do século passado representou o auge que a cidade atingiu e que viu nascer o novo século abandonada, sendo recentemente inaugurada e devolvida à população, que agora busca seu significado.