No sentido de aproveitar os resíduos da bananicultura para a geração de trabalho e renda e consolidar um empreendimento, o projeto de extensão universitária Mulher com Fibra, em andamento desde 2006, capacita mulheres artesãs (grupo) a produzirem papel reciclado artesanal e produtos derivados destas folhas. No decorrer de três anos, a equipe técnica de designers do projeto acompanhou as artesãs na criação e comercialização dos produtos com a preocupação de não interferir nas escolhas e decisões do empreendimento. A partir da troca de conhecimentos entre artesãs e designers, o próprio grupo passou a perceber a necessidade de aplicar algumas melhorias voltadas para a qualidade dos produtos desenvolvidos, em diferentes fases da produção, tais como: a) obtenção de polpas - substituição da faca de ferro por uma de inox, pois o ferro oxida as fibras e deixa o papel com aspecto menos atrativo e o uso de corantes naturais para tingir as folhas, como o da beterraba, ao invés dos industrializados; b) formação de folhas - aplicar a cola extraída do quiabo deixa o papel de fibra de bananeira mais transparente do que aquele confeccionado com cola branca; alguns fatores colaboravam para deixar o papel mais liso, como a substituição do TNT, utilizado como suporte na formação das folhas, pelo tecido morim, o emprego de papelão grosso para intercalar as folhas ainda úmidas e o efeito do tempo de polpação das polpas; c) confecção de produtos - a partir da análise crítica de produtos provenientes de outro grupo de artesãos verificou-se que alguns cuidados simples nessa etapa podem fazer toda a diferença, como remover o excesso de cola das junções e usar faca de corte e vinco para agilizar o trabalho e proporcionar um acabamento mais apurado dos produtos; d) acondicionamento - o uso de engradados plásticos para carregar e armazenar os produtos dentro da oficina ou para transportá-los para feiras e exposições, garante a aparência e a qualidade das peças e d) controle de qualidade - a constatação de que algumas peças defeituosas estavam sendo comercializadas criou o hábito de um controle de qualidade dos produtos, antes de feiras e exposições, realizado pela equipe técnica do Mulher com Fibra em conjunto com o grupo. Esses fatos demonstram o processo natural de autonomia das artesãs na criação e comercialização dos produtos, além de afirmar a percepção do grupo quanto à importância de produzir peças comercialmente adequadas às exigências do mercado.